segunda-feira, 30 de julho de 2012

A máquina de homens

Todos nós evoluímos, perdemos a maioria de nossos pelos, alguns já não tem siso e o mais importante: aprendemos a pensar. Construímos prédios, criamos raízes, louvamos um Deus e nos matamos.
 Levantamos impérios e destruímos o natural, nossa comida que é tão farta e rica, nos mata lentamente com seus pesticidas e melhoramentos. O homem brinca de Deus e sinto que Deus brinca de ser homem. Nosso ar cada vez mais poluído, nossos rios são negros e nossas florestas vazias, será mesmo que aprendemos a pensar, ou apenas a matar?
  Tantos anos de evolução, tantos sacrifícios, olhem nossas máquinas! Rádios, televisões, internet, temos o mundo em nossas mãos e mal sabemos usá-lo. Aproximamos os mais afastados e isolamos os mais próximos, qual é a nossa lógica?  Avançamos a passos largos em tecnologia, mas nossos corações endureceram e nossas almas se tornaram nulas. Quantas pessoas nós vemos pregando a palavra de Jesus, quantas delas amam o próximo como a si mesmo? Fomos invadidos pela hipocrisia, mentiras, ciúmes e ganancias. Somos homens e lobos, corremos atrás do nosso próprio rabo. Batemos nosso cajado no chão, mas desviamos os olhos de nossas atitudes, coloque na mão de Deus, esqueça suas atitudes.
 Falamos mais do que fazemos, destruímos mais do que qualquer coisa. O ódio, a cobiça e a ganância nos dominaram, entrando em nosso DNA e passando essa maldição para nossos filhos. Falhamos muito, mas poucos tentam reparar isso, nos tornamos cegos que tateiam navalhas, nos cortamos e não sentimos, somos uma morfina ambulante. Somos todos reis e rainhas de fantasias, somos a mente que sonha, a mão que derruba, a árvore da vida. Somos tudo e não somos nada, somos na verdade completas máquinas.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Conto do Vigário.

 Era uma espécie de furacão de sentimentos, um misto sinistro de mentira e ganância, percebo aos poucos que me tornei adulta. Não digo isso pelas contas a pagar, a fila a esperar, ou as responsabilidades, digo isso por que só quando crescemos é que descobrimos do que o ser humano é capaz de fazer: Enganar. Amamos coisas e usamos pessoas, escolhemos nossas roupas, gastamos nosso tempo e juntamos dinheiro, para que no final das contas todos terminem da mesma maneira, mortos.
A verdade é que a mesma mão que te abençoa é a que te derruba, e a vida vai te oferecer as mesmas coisas que você oferece a ela. Seja um ilusionista e viverá conforme suas idéias, uma vida iludida que mais cedo ou mais tarde vai te tombar e podar seus ramos negros e amaldiçoados. 
 Não adianta fingirmos ser o que não somos, é como aquela velha história do vidro que se passa pelo diamante: Pode imitar a beleza, mas jamais terá o valor e a rigidez que ele possuí, se cair quebra e não existe mais. É exatamente assim que algumas pessoas são, comuns pensando que são raras e caras. O seu valor não está nas suas palavras, nem no seu trabalho, está em você, por que você é aquilo que você faz.  
Plantamos o que colhemos e o seu fruto é amargo e seco, assim como seu caráter. Foram tantos jogos, quantos você já massacrou? E dessas batalhas, quanto de você te restou? Se foi pouco ou nada mais, eu já não sei, mas sinto pena e nojo do Vigário que eu encontrei.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Eu tentei. Tentei de todas as formas mostrar que sou outra pessoa, com outros pensamentos e sorrisos. Tentei me reescrever e consegui. Me tornei personagens e me encontrei neles: Mocinhas, vilãs, desprotegidas, perigosas. Eu tentei, tentei te avisar dos perigos que eu trazia comigo e do silêncio que acompanha minhas vírgulas. Eu tentei te avisar de tudo, porém esqueci da minha inconstância e do meu orgulho, meu bem. E eu te avisei tanto, querido, que suas palavras não te salvariam do grande purgatório que é meu coração.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Contratempo.

Quando o seu tempo for o meu, querido.
 E o meu relógio entrar em você
 Então nossos ponteiros irão se encontrar
 E quem sabe os primeiros cinco segundos de surpresa
 Voltem para o seu rosto.

 Não quero meus olhos perdidos na noite cinzenta
 Nem meu corpo nu sozinho em uma cama quente
 Abraços e afetos são distribuídos enquanto nos vemos.
 Depois restos, nada mais.

 O resto do seu dia e de suas horas livres
 O resto das pernas e braços caídos pelo caminho
 O inicio de dentes se escondendo e as ameaças vivendo
 O fim do que veio carregado pelo vento.

 É o inicio, o meio e o fim do tempo
 O tempo dos olhos apaixonados e das mãos grudadas
 O tempo da cama fria à sua espera
 O tempo agoniando de ter que esperar algo que nunca vai aparecer.