quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Pó do mesmo saco.

Deveria ser um anjo, mas na verdade era o diabo em pessoa. Cheio de vícios, rancores e trabalhos inacabados, Rubem se torna uma pedra. Deveria ser calmo e compreensivo, deveria amar e cuidar, mas como uma rocha ele apenas sente o salpicar do vento frio no seu corpo e não se mexe com medo de não poder voltar ao seu lugar de origem.
Cresceu tendo o mundo aos seus pés, suas vontades eram ordens e seus desejos sempre atendidos. Mimado e sempre incompreendido o pobre menino, se torna um porco quando homem. Sem se importar com as pessoas ao seu redor, nem as que estão longe, pisa e massacra todos pelo simples prazer de ver sofrer. De personalidade bipolar e depressiva, Rubem joga migalhas aos famintos e pérolas aos porcos, por que na verdade nada o impressiona. Nem o choro da primogénita, ou o socorro da caçula.
Rubem, cheio de duvidas, uma pessoa desprezível, mas um profissional sem igual, morreu sem saber que é o senhor dos sonhos de sua menina. Pó do mesmo saco, a ingenua criança que já carregava uma cruz no ventre, cresceu sem nunca saber quem realmente foi o pai. Se foi um vilão, ou um anti-herói. Ele mais uma vez era rei de sonhos e pesadelos, era o senhor da utopia, pobre bastardo.
Morrera, sozinho e frio, sem apelos de amor ou um palavra de carinho. Morrera, por que queria se entregar ao infinito, esquecer quem era e com isso apagar dos erros cometidos. Seus olhos eram a própria depressão, como espelhos da alma. Não se pode calar a alma, sem antes fechar os olhos. Ironia do destino, morreu de olhos bem abertos, vendo tudo o que tinha feito ao longo da sua vida miserável. Abortou a própria vida já velho, fez o que sua mãe deveria ter feito, enquanto o alimentava no seu doce ventre.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Ainda estão rolando os dados.

É necessário uma derrota entre muitas vitórias para se fortalecer. O premio enche o ego, acaricia o orgulho, faz o peito ficar estufado. A perda é necessária para se ter humildade. A honra não existe para um eterno vencedor, pois quem nunca foi derrotado, não sabe o prazer da vitória.
É preciso avançar com passos largos e recuar com passos fortes. Um eterno valente é o mais medroso de todos, tem medo de não viver e na sua busca pela intensidade não enxerga os sinais simples que vida oferece.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Apenas um jogo.

- Isso tudo é tão miserável, você não enxerga? Como o destino torto se cruzou para nós? Em quantos caminhos podíamos ter seguido, mas mesmo assim nos encontramos. Isso não significa nada para você?- Lúcia estava tão solitária, sentada no pé da cama virada de costas para Júlio. Ela não sentira, mas lágrimas começaram a rolar, já estava tão acostumada com aquele líquido frio e áspero que nem sentia-o mais.
- Enxugue suas lágrimas, minha bela atriz, você sabe que tudo é passageiro. Que nada é eterno, nem o amor, nem o corpo e até a alma é finita quando se rompe. Não chore menina, vai estragar o seu disfarce. Não se pode prender quem nasceu para ser livre.- Júlio conseguia ser tão cruel quanto a frieza de um lorde, sempre seguro de si, como se nada nem ninguém tivessem importância. Já tinha idade, era tão solitário mesmo com todas as amantes que possuía e com a esposa no lar cuidando dos filhos.
- O meu amor por você é maior do que o meu amor por mim e eu me odeio por isso. Toda a vez que eu me olho no espelho, é você quem eu vejo, não percebe? Através das minhas lágrimas, vejo seu sorriso irônico, por trás dos meus olhos vejo seu desprezo, por baixo do meu sorriso, seu nojo. E o meu peito pulsante, cheio de vida e carinho, sabe o que existe atrás dele? Uma faca e a sua mão. Sabe quantas vezes eu já me encarei no espelho e te vi? Todas. Mas é preciso ser muito burra mesmo para chegar nesse ponto. Miséria, solidão, casos que não passam de casos. Um estranho reconhece o outro, não reconhece? Seremos sempre iguais, como se tivéssemos nascido um para o outro, somos opostos extremos e dessa maneira, nos atraímos. Você se acha tão imponente com essa sua frieza, mas é igual ao meu carinho mentido. É tão egocêntrico, que não vê, ou não quer vê que tudo que eu quero é prazer. O meu amor é teatral, a minha paixão é visceral, mais forte do que o seu muro aonde você se esconde. É só contar quantas noites agonizou nessa cama, pedindo, quase implorando por mais uma dança sobre meu corpo. Eu não tenho uma coleira invisível, você não me prende. Não faça essa cara, você que quis terminar tudo, o espetaculo acabou e agora posso tirar o meu véu. Vê esses olhos? São cruéis, vê esse sorriso? É de desejo. Eu sou todos os pecados e todas as confissões. Eu sou o certo e o errado, o caminho para a perdição. Não me faça essa cara de espanto, não é tão esperto?! Deveria ter previsto isso, se você tem uma carta na manga, eu manipulo o jogo todo. A doce garota que encontrou o seu verdadeiro amor. Nada é eterno, isso não é uma novela. E agora nem os seus beijos eu quero mais, que é para não tirar da boca o gosto doce do meu novo rapaz. Vai Júlio, vai ser gauche na vida.
Pela primeira vez desde que se conheceram Lúcia assumia sua verdadeira feição, virando o jogo, arrebatando de tesão, a pobre garota indefesa se vinga de mais um que tenta derruba-la. Júlio tão descrente do que acabara de ver e ouvir, saiu pela porta como se tivesse visto um fantasma, será mesmo Lúcia real ou só uma aparição assustadora?

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Mito da ilusão

Nietzsche já dizia
Para viver tem que parar de sonhar
Mundo das ideias, minha ficção
Já contava Platão
Mito da caverna, alucinação

Sou o dinonisiaco
Tenho instinto, caos, ambição
Apolineo tanto pregado
Causa corrupção

O certo que inibe o animal
O errado tão odiado é o puro ser humano
Novelas, livros, imaginação
Vejo tudo em Platão
Mas ai vem Nietzsche e explica
Que tudo isso é ilusão
Negando a vida, projetando os desejos
Nada passa de um simples anseio.

Sartre já mencionou
A escolha causa muito fervor
Angustia, má-fé
Tudo isso me bota de pé.

Seja livre, ame quem quiser
Quantos puder
Se o meu Deus sou eu
Os meus caminhos eu vou escolher.

Mito da ilusão.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

A voz de uma canção

Como dói a ferida do gostar
Na confusão mental que me pego
Tentando solucionar
tudo o que mais quero.
É difícil, como o tempo passa
O relógio ainda funciona
Conto os minutos, dias, horas
Só para poder te encontrar.

Na madrugada sei que não vai calar
Coração fala alto, espero o telefone tocar
Escutar a sua voz, seu choro contido
Te contar meus segredos, lhe abrir meu peito ferido
Esses olhos secos tão molhados
Só eu sei o que eu vejo, o que eu sinto.

Antes a combustão de sentimentos, do que a frieza do nada
Por que minha alma canta muito clara
O desejo de viver, sofrer e amar
Como se não houvesse amanhã
A intensidade é meu revés, o que sinto não é o que existe.
Assim você me retém, me faz seu refém
Mas tudo o que eu desejo
É que seja conturbado, enquanto dure.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Para o inferno.

Abre essa porta deixa solidão passar
Olha a avenida o rancor vai te pegar
Que direito você tem de me fazer sangrar?
Eu confesso,
eu estou a esperar o dia da vingança
Sua hora vai chegar

O silêncio tão velado é concreto em meu penar
Abre a cortina!
Seu passado vai parar e cantar
"Aqui existe mais um perdedor
O destino amargo
A genética cruzada
O aborto mal formado
A boa conduta forjada
É tudo o que você é"

Mas não se esqueça
Que eu sou o bem e o mal
Antes que aconteça
Tudo voltará ao normal
Sou erva daninha em semente fresca
Ovelha branca entre as negras
Não se esqueça
Eu voltei, eu voltei para te buscar!

domingo, 28 de novembro de 2010

Horizonte perdido

A flor murcha vê caindo suas pétalas no chão
Bem me quer, mal me quer
Mais um perdido na doce ilusão
Olha para o horizonte perdido
Procurando no campo escuro um caminho
Escravo do próprio prazer

O espinho é crucifixo
É fogo ardente em olhos cegos
É solidão na terra de amantes
É o desejo calado embriagante
É o tempo corrido que se torna passante

Existe em cada par de pernas
A busca pela felicidade
Em cada sorriso amarelado,
Em cada corpo abraçado
Em cada lágrima chorada
Existe a eternidade

Pela estrada de terra eu escolhi seguir
Tropeçando e ajoelhando nos meus erros
Sendo amada e odiada pelos meus feitos
Uma nova realidade para mentir
A cruz pesada que eu carrego no peito
É um perdão cínico pelos meus defeitos.





No livro da vida eu escrevo o meu destino
Em cada página eu marco mais um caminho

sábado, 27 de novembro de 2010

Um poema com rima

Eu quero uma rima macabra
Um amor conjurado
Um delirio sonhado
Quero ver nascer o sol do dia
Em plena euforia
Ver o carnaval passar

Quero um grito destemido
Uma ação sem sentido
Um coração bem sentido
Para tudo esquecer

Quero a falta de melodia
A presença de melancolia
O crucifixo da rotina
A ausencia de monotina

Eu quero o errado que me faz sentir
O desejo calado que me faz sorrir
Um apelo negado para me banir
Um poema rimado para me distrair.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Paredes de um quarto.

Numa confusa troca de olhares, beijos e bofetadas, os dois estranhos conhecidos se reconhecem. Aquela relação de desejo e paixão estava chegando ao seu fim, as duas linhas em horizontal marcavam o desencaminhar de um conjunto. Aquelas duas almas, tanto se queriam tanto se separavam, eram extremos em um constante vai e vem de violência e caricias. Dois pares de olhos, vendados pela falta de visão, dois belos rostos cobertos por seus véus e tristezas.
Todas as paredes, tábuas de chão que testemunharam o amor e ódio dos sonhadores, o espelho que não calava o prazer e refletia os olhos de angustia. Quantas estórias um espelho conta. Aquela casa era testemunha, cúmplice do amor vingativo deles. Quantas tardes, noites e manhãs insanas eles passaram se odiando em cima da cama, como se fossem duas crianças mal-criadas lutando contra o destino. Eram viciados um no outro, em lágrimas, em rompores de raiva e solidão. E agora a cama que antes era tão gozada, se encontra coberta de sangue, sangue quente, sofrido de quem amou muito, viveu muito e esqueceu de si.
A briga, a última, a pior de todas, a declaração de amor antes da facada, a admiração frente ao espelho, os olhos limpos pela água, o rosto desnudo, o corpo quente.
- Cala boca, você acha que é assim? Que você vai embora sem nem dizer adeus? Vai bater a porta e passar o trinco?! Vai dizer que fui teu jogo, teu brinquedinho.- Mel estava descontrolada, vermelha, possuída pela raiva que a consumia, estava vendo partir pela última vez o homem que a pertencia.
- Eu nunca te fiz promoter o teu amor a mim, muito menos eu a você. É uma ingrata, quantas noites passou ao meu lado agoniando de prazer e agora, quer um final dramático com beijos apaixonados e bofetadas? Cresça minha menina, que eu não sou teu. - Roberto estava calmo, carregava a mala em uma mão e o terno em outra. Estava decidido a largar tudo, voltar para a mulher e os filhos. Não existia futuro com ela, o próprio presente era turvo.
-Se for para você me bater, me surre agora. Olha pra mim, meu amor, fala no meu ouvido que eu fui sua cobaia, sua experiência extra-conjugal. Eu quero ouvir, fala que eu fui teu melhor jogo, fui sua mais longa insônia. Olha suas olheiras fui eu quem causou, que dedicação passar noites em claro só para pensar em mim. Meu anjo, você deve estar tão cansado, estar com a sua mulher e pensar em mim, desejar meu corpo, minha risada, até acorda assustado que eu sei, achando que eu fui embora. Fala, que eu fui só mais um troféu na sua estante, que você não sente nada.- Mel com suas mil e uma faces manipula mais uma vez Roberto, como se ele fosse uma marionete, ela era a senhora da situação, dona do próprio destino e dos outros também.
-Mel, doce tão amargada, leve tão pesada. Tem esses dentes de navalha essas pernas que me travam. Você é carne, carne crua coberta por desejos e pecados, coberta por delírios e birras de uma garota mimada. Escutou, você é carne crua!
-Cínico, miserável, é o que você é. Esse jogo de usar e abusar ainda acaba contigo. Você me consome, me provoca e me perturbando assim eu te devoro, eu só quero te devorar. Eu sou carne crua no teu peito, que arde, tortura, te fura. Sou carne crua e você me machuca, me queima, com a ponta dura da tua língua e mesmo assim eu sigo te adorando, te amando, só para poder te devorar.
Mel e Roberto envoltos pela atmosfera de fúria e tesão se entregam como nunca antes aos lençóis daquela cama, dois loucos apaixonados, ardendo pela cólera da perda, pelo último adeus, pela última foda. Acabada a caricia perturbada dos dois jovens estranhos, o silêncio incomodava no ar, as pernas bambas de Mel se levantavam, tão firmes, tão moles. A comoda escondia um segredo, era a chave para a eternidade, como se fosse a própria casa da morte.
-Mas já que você não pode ser meu, não será dela também, nem de ninguém.- Mel puxa o gatilho e mata o amante adormecido, dormia como um anjo, tão leve, tão perturbado. Perdera as asas quando a conhecera. Dirigindo-se ao espelho, Mel implora e revela.
- Crie boca, aprenda uma língua e conte a estória de amor e ódio que as paredes e tábuas testemunharam, você viu tudo, sabe o que aconteceu. Agora sim eu vou viver.
Mel estava tão bela quando acertou a bala em seu coração, morrera como uma qualquer, nunca fora citada nem no rodapé do jornal local. Mas ninguém nunca esqueceu os olhos de mistério que aquela pequena mulher revelava.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Infinita 2304

Há três anos estamos juntos, alguns entraram ao longo do tempo, mas são igualmente queridos pelos que estão desde o inicio. Eu amo o Pedro II e boa parte desse sentimento devo agradecer a vocês, foram muitas risadas, choros e abraços que compartilhamos, muitas matadas de aula e muitas discussões também. Eu venho de peito aberto e com o coração na mão, me declarar para todos que fizeram parte dessa trajetoria.
Eu vi muitos evoluírem, mudarem, perderem a cara de criança e se tornarem jovens adultos. Vi amizades muito fortes serem formadas, vi o companheirismo, vi o ombro-amigo. Eu me sinto muito feliz por ter presenciado tudo isso, por que vocês foram decisivos para eu escolher o meu futuro. O amor e o ódio caminham lado a lado, essa frase é extremamente certa. Por muitos momentos eu odiei a nossa turma, e por outros amei imensamente e é exatamente assim que eu vou lembrar da minha passagem pelo Pedro II com opostos, com brigas e sorrisos.
Obrigada a todos vocês, por terem entrado na minha vida, mesmo que tenha sido por pouco tempo, nada será esquecido, nenhum amigo, nenhum sorriso, nenhuma voz. A eternidade existe, enquanto existir lembrança. Agora são imagens frescas, com cheiro e sabor, mas daqui há alguns anos será amarelada e nostálgica, lembraremos do passado, veremos alguém com o mesmo uniforme que o nosso e vamos sorrir, relembrando tudo que vivemos. Muito obrigada por serem quem são, pelos seus defeitos, qualidades e manias, construimos assim a nossa turma, com o individualismo de cada um.
Estamos terminando mais um capitulo das nossas vidas com muitas lágrimas e lembranças, mas iremos escrevemos novos e melhores. Fim não é a palavra certa para descrevermos esse período, nada acaba, tudo continua. As amizades feitas, o sentimento que prevalece, a saudade que não vai calar.
Vamos aplaudir os alunos dessa turma, os indivíduos formados, os funcionários que passaram e principalmente o futuro incerto que nos aguarda.
OBRIGADA POR TUDO, EU AMO VOCÊS!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Atrás dos olhos.

Eu não sou o tipo de pessoa que precisa de um herói, uma salvação. Eu não preciso de luz ou de asas brancas ao meu redor para me sentir segura, muito menos de uma aureola para mostrar que sou boa. Eu não preciso do seu amor, do seu carinho, dos seus braços quentes perto de mim, eu sou assim. Eu não preciso das suas palavras, não suporto o movimento da sua boca, eu necessito do seu silêncio, do seu abismo. Eu preciso de olhares, sorrisos, dos seus suspiros. Eu preciso do cheiro, do tato, do sabor que nunca existiu. Eu quero a sua paixão extrema, o seu desejo pela morte.
Não me chame de meu bem, eu não sou o seu bem. Eu sou o seu mal, o seu vicio, o seu veneno. Eu sou o seu anjo caído, eu sou a sua vontade pelo errado, sua ganancia. Não existe bem e mal, existe a sua consciência e suas atitudes pensadas. Eu não sou o seu diabo, não existem demônios. Eu sou o seu ego inflamado, inchado por não ser reconhecido, eu sou o seu amor-próprio ferido.
Eu não posso te mudar, eu não quero isso. Eu te manipulo, te prendo entre minhas pernas, te arranho com as minhas unhas, te dreno com a minha loucura. Tudo não passa de um jogo, onde você é o protagonista e eu fico atrás da cortina brincando com as linhas invisíveis e te trazendo sempre ao meu encontro. Eu não preciso de mentiras, eu nem preciso existir, posso ser quem eu quiser: Júlia, Fernanda, Miriam, Anita, Maria. Eu tenho minhas mil faces, da qual você não conhece nenhuma, posso ser mil amantes e você não vai amar alguma. Eu sou o seu desejo utópico reprimido, eu sou o seu grito contido, sua vontade sem ação.
Eu te amo, eu te amo tanto, que morreria com você. Iria para onde você quisesse ir, iria eternizar nosso amor e ódio, concretizar o inexistente. Eu não morro por você, mas morro com você. Eu vivo em você, a sua vida é minha, sem você eu não existo.
Afinal de contas, se você se olhar no espelho, verá o meu olhar de cólera, minha expressão intensa. Eu sou você, Carlos.

Escutando o testamento de amor de Joana, Carlos pega uma arma e mira na cabeça pensa em toda a sua vida ao lado daquela mulher de asas negras, seu único amor, sua única confiança. Ele sorri, diz um Adeus para o espelho e puxa o gatilho. Joana e Carlos, Joana ou Carlos, finalmente se eternizaram.

domingo, 31 de outubro de 2010

Eterno CP2.

É com uma enorme tristeza e alegria que eu escrevo este texto, demonstrando todo o meu afeto e angustia pelo Pedro II. Nenhum colégio cativa os alunos como este, nenhuma instituição causa tanta comoção como esta. O Pedro II não é um colégio meio-termo, morno, pelo contrário, ou você ama ou odeia. Não importa em qual ano você chegou, em qual saiu, quanto tempo ficou. Todo aluno canta a tabuada com lágrimas e sorrisos no último dia.
Quem pensa que a vida adulta começa na faculdade, está enganado. Minha vida adulta começou no Pedro II, por diversos momentos nós alunos somos testados, testam nossa paciência, tolerância, esperteza, as nossas amizades e ainda por cima colocam nosso amor recem-nascido e inocente a prova. Quando engolimos nosso orgulho e abaixamos a cabeça pro mestre ou para um funcionário do SESOP, quando aprendemos a argumentar com a diretoria, quando cantamos o nosso hino com emoção, é nessa hora que crescemos.
Eu sinto um orgulho imenso de ter feito parte dessa família, de ter tido professores sensacionais, de quebrar preconceitos, de estender meus limites para conhecer o desconhecido. Não nos limitamos apenas a aprender, mas nós indagamos, com audácia e coragem, aprendemos mais que matemática e literatura, aprendemos mais que desenho e física, aprendemos uma lição de vida, entendemos uma história.
Hoje o Pedro II é uma fotografia colorida e fresca na minha cabeça e na minha santidade. Tem cheiro, tato e sabor fresco de um passado recente e de um futuro próximo que voltarei. Como um papel amarelado ou um retrato em preto e branco, o Pedro II tem e terá sua marca nostálgica na vida de quem passar por ele. Marca que irá aparecer a cada vez que virmos um bolso com emblema com suas estrelas, sonhos e dilemas.
Não estamos fechando um livro, mas terminando um capítulo, com sorrisos, malandragem e muitas lágrimas de quem sentirá muita saudade da tabuada. Estamos indo, com os lábios apertados e com o coração nas mãos. Estamos indo, mas não abandonando, por que o Pedro II nunca deixará seus alunos, cada estudante se torna seguidor. Vamos embora, mas deixamos as portas abertas para os calouros, abrimos os portões para os que vão, mas voltam como professores.
Devo agradecer de todo o meu coração, aos mestres, principalmente Hércules, Marcus Vinicius, Wilson, Monicão e Vitor por me mostrarem como o magistério é brilhante e amigo. Devo agradecer com lágrimas nos olhos, pois esses e outros me mostraram o caminho do ensino, é com orgulho que eu grito pra quem quiser ouvir: Voltarei, mas como professora.
Obrigada a todos que eu conheci, obrigada a cada olhar de companheirismo, obrigada a todos os amigos, todas as brigas, feridas, marcas que eu tive nesse colégio. Obrigada por arrancar lágrimas de saudade prematura dos meus olhos, por desfazer o mau-humor diário, por construir os sorrisos inesperados. OBRIGADA POR TUDO. Eu vou embora sendo aluna, mas volto como professora.

Pedro II

Essa minha penosa rotina
De acordar todo dia
No calor e no frio
Para completar o meu futuro.

Na ida as pessoas são vazias
Não existe conversa, ou alegria
Na volta é sempre uma nova história
As bocas sempre cheias de fofoca

Na segunda são números e rimas
Textos em outra língua
São risadas e agonia
No final da tarde melancolia

Na terça fórmulas de física
Boatos e adrenalina
Com a biologia um pouco mais de vida
E se a sociologia me chamar
Dou aulas de politica, só para contestar

Na quarta o diabo em pessoa
quem ensina a gramática?
Uma querida professora
Na química de contas
Choros por não darmos conta.

Na quinta é um sofrimento
Pegar o compasso e estudar desenho
Para amenizar a angústia
Eis que surge a geografia
Para comentar o futebol e dar um sumiço.

A sexta que é um alivio
Mais números, rimas e carbonos
No final do tempo reclamações...
Amanhã é sábado, dia esperado!

E no sábado de sol
Sono e ressaca para alegrar o dia
Afinal, hoje temos história e geografia!
A cerveja me espera no final do dia.

E agora, que tudo acabou
A mania do bolso, a saia rodada
As fofocas de corredor
Os olhos de um sonhador

Aos mestres, só devo agradecer
Foram eles que me ajudadaram a crescer
A decidir meu futuro, a admitir os erros
A aceitar as ordens, engolir seus defeitos

É triste mesmo essa despedida
Com travesseiros e gargalhadas
No final tudo se resumo a isso
Pedro II: Uma grande piada bem contada.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Contra-tempo.

Já se passou tanto tempo
Desde aquela vez que eu te fiz sofrer
Ainda é difícil de imaginar
A angustia que tinha o seu olhar
Jogado ao vento, como um futuro incerto
Era amor bandido em um coração de pedra
Ilusão satisfeita em sonho de criança.

Faz parte dessa vida
Nascer, viver e morrer com uma ferida
Como uma folha de papel amarelada
Como uma foto em preto e branco no porta-retrato
É a lembrança acinzentada
Sentada no banco branco da praça
Vendo o nosso amor em desgraça.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Poemas...

As vezes quando eu estou triste
Eu escrevo poemas...
Igualmente deprimidos
É como se fosse o último raio de sol
De um verão gelado e seco
E mesmo quando eu estou na natureza
Eu me sinto presa
As grades em mim, teimam em conversar

Sozinha, deitada na escuridão da consciência
Eu vejo uma linha: É a minha vida
Que de uma hora para outra se tornou vazia, oca
Escrever, alivia a pressão
É como se fosse a última ponta do melhor baseado
É como se fosse a única frase de um péssimo livro

Amargurada e transparente eu atraio novos olhares
De viciados a inocentes, eu sou uma interrogação
O que se passa nos olhos da menina?
Frustração...

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Infinito de um quarto.

Segurei as gotas grossas
Com receio de borrar o papel
Tateei com os dedos
O futuro incerto que traz o medo
Manchei de preto as faces que me cobrem
Voltei para os caminhos que me descobrem

Nessa imensidão de brotos
Que nascem sem saber por que
Nessa mistura de sabores
Que não identificamos o saber
Nessa confusão de sentimentos
Que eu nunca sinto
Faz falta sentir alguma coisa

A pintura em gel exposta na parede
Me faz lembrar de um passado que nunca existiu
Por que eu nunca vi o seu sorriso de manhã cedo
Nem seus cabelos desgrenhados junto aos meus

Sentada no chão do quarto
Eu olho pras paredes, eu reparo nos retratos
Eu seguro nos cascalhos
E percebo que nada mais me lembra você.

Ao seu redor.

Admirando a natureza morta
Dentro de sua jaula
Os corpos quentes derretem o plástico
Plástico que cobre a vergonha
Cobre a loucura, inibe o surto

Rostos de parcela que escondem o medo
Querem ter o controle
Querem ter uma perfeita conduta
Mas quando não tem ninguém perto...

Dentro de uma gaiola
A asa quebrada volta a doer
Latejando, ritmada com a pulsividade do coração
Compulsivo, os olhos molhados voltam a derramar
O liquido sagrado nunca valorizado

Do que adianta um perfeito sorriso?
Se seus dentes são amarelados pela hipocrisia
Do que adianta ter olhos inocentes?
Se por dentro o fogo lambe a sanidade
Do que adianta a pele macia?
Se a mente dura, oca
Arde com a verdade

Mas se você pudesse quebrar
Todas as barreiras um dia impostas
Se você pudesse ir além
De todos os caminhos já programados
E se você pudesse encerrar
Com toda essa magoa contida
E se você pudesse escolher
Outra vida sem ser a sua
Você continuaria dentro da sua toca?

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Quem cai primeiro.

Jogo, diversão
Mais um dia, mais uma rodada
Um olhar de delírio, um sorriso de coringa
Uma partida como outra qualquer
Botem as fichas na mesa
Hoje quem aposta é uma mulher!

Jogo de perdição
Trincas, canastras, um Às na mão
Adversário, se posicione
Encha o copo e prepare para não esquecer
Na mesa, cigarros, conversas e sedução
Botem as fichas na mesa
Hoje quem aposta é uma mulher!

Jogos como esse são memoráveis
Não precisa ser carnaval, nem um sábado carnal
Todo dia é dia de beber e esquecer
Ontem fui eu, mas hoje é você.

Roleta russa essa, que deixa tudo maximizado
Sutileza fala mais alto, muito melhor viver no pecado
O gatilho tá comigo, a caça hoje é você
Indiretas, olhares, pernas cruzadas
Quem resiste a um jogo sem cartas?

Ponto pra mim, ponto pra você
Cada rodada é uma nova partida
Tá negativo? Não importa.
No final todo mundo ganha
No final todo mundo joga
Ser tentação, causa admiração
Tá na hora de ir embora.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

B-612

Quero a audácia da rosa
Quero a sabedoria da raposa
Quero a inocência do Príncipe
Quero a incompreensão do aviador
Quero a compulsividade de pores-do-sol
E as grossas raízes de baobas

Quero a cúpula que a protege
E um vulcão para aquece-la
Quero a tristeza de um beberrão
Quero sua falta de memória
Quero as aquarelas do autor
Que mostram o inicio de uma vitória

Eu quero os campos de trigo
Eu quero cativar minha linda flor
Eu quero a secura do deserto
Eu quero aquele mistério
Eu quero o sabor do veneno da cobra
Me livrar dessa carapaça.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Esperarei.

Eu esperei tanto tempo
Aguardei em silêncio
Pra ver o novo dia nascer
Eu era tão descrente
Que nem em mim acreditava
Eu era tão inocente
E eu que fiquei sentada
Vendo a vida passar atordoada

Eu não vejo futuro
Eu não sei o meu rumo
Capa dura, peito de aço
Concreto enfatiza o fracasso
O tempo passa lá fora
Frio, calor, aurora!

Eu não sei pra onde ir
Não quero mais ficar aqui
Vendo o dia nascer feliz
Na miséria da mentira
Com você

È tão triste ver assim
Do lado de fora, como uma atriz
Como alguém que não se importa
Como se ninguém bate-se em minha porta.

sábado, 25 de setembro de 2010

Ensolarado

Todo dia procuro sem cansar
Em cada passo dado
Em cada olhar atravessado
Eu me pergunto:
"Aonde você está?"

Eu percorro novas ruas
Entro em novos prédios
Caminho pelas avenidas
Só para me livrar do tédio
De não te ter aqui.

Bem que podia ser assim
Amor de novela, roteiro de filme
Só pra ser a sua atriz
Derramando lágrimas forçadas
E sorrisos forjados
Só para ter nosso final feliz.

Bem que eu queria
Achar a sombra de uma árvore
No calor dessa trilha
Guiada pelas pedras
Eu vou tropeçando
Sentindo o salgado do mar
E a brisa pesada
Da falta do seu bem-estar.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Relógio quebrado.

Com mais um ponto final
Eu inicio mais uma página
Com mais caracteres e menos eu
Em algum capítulo deste livro
A minha essência se perdeu.

Aonde está a doçura?
Está coberta por amargura
Um bolo de frieza, raiva, angustia
Temperado com um pouco de adrenalina
E memória para se ter nostalgia.

Olhos de vidro são os meus
Tudo vejo, nada sinto
Coração difuso no meu peito
Que tudo sente, mas nunca bate

Reescrevi tantas vezes a minha vida
Que em alguma avenida me deixei pra trás
Sem medo, ou receio
Abri mão da ternura, dos beijos e abraços
Esqueci do relógio, do tempo, do espaço.

Os ponteiros passam ao contrário
Só para eu ver meu passado
Lembrar do que fui e não consigo mais ser
Lembrar que meu cheiro era diferente
Que a minha voz era mais calma
Que eu era tão tola, tão boba...

O que um coração partido não faz
Seja paixão, caso eterno ou briga com os pais
Alguma fagulha saltou e tudo pegou fogo
Queimando meus olhos, minha boca
Queimando meu corpo, minhas roupas
Deixando em cinzas o que eu era.

Licença Creative Commons
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domingo, 5 de setembro de 2010

Consumista

Preciso comprar novos sapatos
Estes que me pertencem não calçam mais nos meus pés
Preciso comprar novas blusas
Estas que eu visto não combinam mais comigo
Preciso comprar novos cabelos
Estes que eu tenho enrolam a minha cabeça
Precisa comprar um novo espelho
O que me pertence é tão distorcido
Preciso comprar um novo sorriso
O meu já está amarelo...
Amarelo pela hipocrisia
Amarelo pela falta de alegria
Amarelo pelos cigarros da minha boca

Preciso trocar as lentes do meu óculos
Vejo tudo embaçado
Talvez precise comprar novos olhos...
Preciso comprar um novo corpo
Talvez novos peitos
Que me dêem coragem
Preciso de uma nova carapaça
Uma nova mascara, aonde eu possa me esconder
Preciso acima de tudo de uma nova alma
Que essa que eu tenho se rompeu na metade do caminho
Por medo, carinho ou desafio
Ela se corrompeu assim
Nos atalhos dessa vida se quebrou...
Preciso de uma nova alma
Mais clara, menos minha
Aonde caibam copos, cinzeiros e o céu
Eu preciso comprar uma nova alma...

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sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Open yours eyes.

Open your eyes and smile
Smile, smile, is mine.
Open your eyes and cry
Cry, cry, cry
Forget your God and try
Try, try, try
Live the way I live
Bless yours old tears
Forget the gold and the soul
Go on, go on, gon

Forget corn and crumbs
Forget the old tears
I love the way you feel
Like the rainbow
Like the stranger

My mom told me so
One day I will know
The pain, the rap, the diamond

Open your eyes and smile
Smile, smile, is mine.
Open your eyes and cry
Cry, cry, cry
Forget your God and try
Try, try, try
Live the way I live
Bless yours old tears
Forget the gold and the soul
Go on, go on, go on.

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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Assim seja.

Aonde está você?
Meu querido amigo.

Desencontros e repartidas
Tão injustas, mas tão queridas
O caminho torto vai nos levar
Pra aonde quer que a gente vá
Nossas ideologias são tapas na cara
De um coração
Nossas brigas vão nos mostrar
Como é puro o desejo de amar
Eu aqui e você lá
De tão longe
Chega a ficar perto
Eu queria ser poeta
Talvez profeta
Para a nossa vida ser o certo
E eu sei que um dia tudo pode acabar
Acabar o que ainda não começou
Mas você em mim habita
É a chave, é a fechadura
É o carinho, é a armadura
É a vergonha, é a coragem
É tudo que eu sempre quis
Estampado com seu nome.

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sábado, 21 de agosto de 2010

Do próprio nome.

Queimo a inspiração
Queimo os papeis
eu queimo os corpos
Eu queimo tudo
Eu vou causando
Aonde eu puder
Falando as verdades
Pra quem vier
Não sou de meias-palavras
Nem me contenho na hipocrisia
Viver na mentira
É viver no anonimato
Blasfemia!
Eu crio tudo a minha volta
Eu manipulo mais um
A minha rima, é a minha sina

E eu vou destruindo
Todo o amor bandido
todo o drama escondido
Toda partida sem chegada
Todo dia sem madrugada
A minha palavra aqui é lei
E eu acho que já te contei
Que não me abalo por pouco
Não posso fazer nada se você é oco
Não sente, não fere, não mente.

A minha decisão é decreto
Mais firme que concreto
Eu não mudo por ninguém
Eu testo os limites
Eu vou sempre mais além
A minha mentira é a verdade
No meu mundo não existe santidade
Ou é, ou não é.

A minha palavra é sempre a final.

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quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Insônia.

As minhas noites de insônia
Penso em tudo, penso em nada
No vazio que me encontro
Nos delírios da madrugada.

A noite passa em um fio
Queria eu dar um grito
Acordar o sono
Me atirar no abismo.

Multiplicação de pensamentos
Soma de frustração
Subtração da esperança
Divisão da comoção

Me pego calada imaginando
Uma manhã ensolarada
Estaria eu sonhando
Acordar com a cara toda amassada.

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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Olhar cansado.

Cultivando os mesmos velhos medos
Com o mesmo velho olhar cansado
De quem viveu muito pouco
E sonhou demais.

Alertando os sorrisos fracassados
As pupilas cansadas, voltam a deitar
Deitar no silêncio constrangedor
Apaziguando mais um destruidor.

Acalma essa expressão forjada
Libera sua ira contida
Deleita dessa sua sorte desejada
Não se esqueça da solidão amiga.

Corra no tempo
Zig-zagando pela vida
Retoma o rumo, mesmo que seja perdido
Continue até a próxima esquina.

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sábado, 14 de agosto de 2010

Prazer, sutileza.

Afastei pessoas importante para mim
Que consegui recuperar
Vi pessoas queridas indo embora
Mesmo querendo ficar
Vi o desprezo do amor
Nos olhos de quem devia me mimar.

Recusei amores irrecusáveis
Por cansaço de sofrer
Segurei as gotas amargas
Achando que fosse perder
Senti no dorso da espinha
A contradição do ser.

Percebi a tristeza no olhar de quem amava
Por falta de compreensão
Me perdi na minha lava
E as pessoas desejas
Vão sendo enterradas
Até serem sufocas.

Percorri o caminho da sutileza
Trazendo comigo marcas e tristezas
Refletidas no espelho
Da delicadeza do manso falar
Que torna mais evidente
O desejo de terminar.

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sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Árvore seca.

É a árvore seca
Com suas mentiras escorrendo pelo tronco
É a areia movediça
Que esconde suas mentiras
É a ponte quebrada
Que derruba seus passantes
É a lama, é na lama
Que você se encontra

É o céu em fusão
É a violência inocente
É a violação da crença
É a árvore seca, é a árvore seca.
É a ferrugem das ideias
É a gratidão pelo pecado
É a força um ato consumado
É a árvore seca com seus galhos.

É a chuva forte que cai na cidade
É a luz do poste que se apaga
É o carro na rua, percorrendo a estrada
É a árvore seca com suas verdades penduradas

É o útero invertido no ventre
É o gelo seco que derrete
É o passado que se repete
É a árvore seca, é a árvore seca

É a vida que nasce sem permissão
É a flor que brota da compaixão
É o lixo adubado que vira vida
É a misericordia nunca oferecida

É a árvore seca
Que vem para nos salvar
É a árvore seca
Que veio para nos alertar
É a árvore seca, é a árvore seca.
Que veio para nos drenar.

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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Torre...

O tempo é tão veloz
Mais um dia, mais uma ruga
E eu perdi muito tempo nesta torre
Trancada comigo mesma
Acariciando as mesmas velhas dores

Eu gritei mais alto que ele
Por que ele não conseguia ouvir
Estávamos no mesmo lugar
Olhando para a mesma direção
Estávamos tão longe...

Esse balanço vazio
As vezes é tão pesado
Esse balanço parado
As vezes é tão sozinho
Esse portão fechado
É tão trancado
Aprisionando os olhos
As bocas, os sonhos.

E agora que a areia acabou
Restam apenas fragmentos
Pedaços de lembranças
Tão curtas, tão apagadas
E eu fortemente me prendo
Ao pouco que me lembro
Por que só o que resta é o passado
E nós continuamos aqui
Sem falar nada, sem sentir nada
Como fotos em preto e branco
Mostrando o nosso fracasso.

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segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Reino dos abandonados.

Se a herança é dor e vingança
Eu renuncio o reino e os condenados
De nada adianta essa sua cobrança
Se eu sou um dos abandonados

É a miséria que reina no teu império
É o vazio que cobre os teus olhos
É o véu da vergonha que enfeita teu trono
Trono de mentiras
Ousadia!
Vestir a coroa de espinhos
Por nenhuma razão ou motivo.

De nada adianta subir ao poder
Se os seus suditos você não quer ver
Se os presos continuam algemados
Se o nosso rei continua desalmado

Por muito, ou por nada
Eu renuncio a minha vida
Prefiro nadar na morte
Do que viver na sua hipocrisia.

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domingo, 8 de agosto de 2010

A flor

A flor
Sem desabrochar
Vira só um botão
Botão pregado na camisa
Fica perto do coração

A flor
Sem pétalas
É só um botão
Botão do elevador
Nesse sobe e desce
Dessa vida acontece

Que a flor
Caída sendo mais um botão
Botão que liga a televisão
Quadrado mágico
Que acende sua vida
Hipnotiza...

A flor queimada
É apenas um nada
Sem botão, sem pétala, sem água
Sem amor, sem poeta na madrugada

Hipnotiza...
Hipnotiza...

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domingo, 1 de agosto de 2010

Amiga solidão.

A pele sente a facada
Os olhos ardem de raiva
A boca consente o silêncio
Silêncio de mais um inocente.

A pele queimada arde
Os olhos pintados enganam
A boca calada machuca
A língua afiada corta
Como navalhas no ar.

O amor não sentido fere
A ilusão nunca dita ferve.
As pernas usadas se abrem
As bocas raladas se contraem.

Os pés descalços sentem
Os olhos vendados mentem
As mãos amarradas se cruzam
Para mais um prece.

As pernas sustentam o corpo
O corpo sustenta a vergonha
E a vergonha está na máscara
Máscara que tanto impressiona.

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Amiga solidão de Hannah Tobelém é licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs.
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sábado, 31 de julho de 2010

Despedida.

Eu sou fraca
Fraquejo na minha bravura
Tudo que eu tenho é essa capa de gordura
Mentiras...
É dificil manter a essencia
Se é nela aonde eu me perco todos os dias
Essa é a minha rotina

As vezes eu me sinto tão cansada
O meu corpo não aguenta essa carga
As cicatrizes abrem a carne
Ardem sem avisar
Feridas antigas se reabrem
Eu sinto o mundo girar em baixo de mim
Minhas pernas estão exaustas
O peso da culpa e da vergonha dobram elas
A redenção, a misericordia.

E as minhas mascaras
Pintadas para não assustar
Caem como gotas de chuva
E as mentiras
Vão secando toda a arvore
A arvore da vida.
Duvida cruel.

Vivendo na minha prisão
Me vejo presa a essa ilusão
Preciso me livrar de mim.
Com os olhos no chão
Eu prego mais uma confissão
Eu crio os meus pecados.
Eu tenho o meu perdão.
Será o destino fruto da imaginação?


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Amor fingido.

As vezes eu sinto, que o seu amor é tão clichê
E eu sinto que preciso sair daqui.
O seu amor é tão pesado
E eu fico desconfiada
De como você faz o errado ser o certo.
Esse amor fingido, parece pesar o ar
Você precisa de alguém pra te derrubar
Mas me desculpe, eu não sou essa pessoa.

Uma vez eu quis você
e até implorei por você
Por não ter esse seu amor fingido
Agora eu rezo para uma distancia
Mas eu sei que não rezo bem.

Por favor, se afaste e pare de me machucar
Com esse seu amor fingido.
Eu não suporto mais, o seu toque, o seu afeto
Tudo em você me dá nojo, sentir o seu cheiro.
Tudo que vem de você é podre
Como o seu amor fingido.

Uma vez eu quis você
e até implorei por você
por não ter esse seu amor fingido
Agora eu rezo para uma distancia
Mas eu sei que não rezo bem.

E eu te dei tudo o que podia te dar
Então pegue o resto e acabe
Com esse amor fingido.

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Amor fingido. de Hannah Tobelém é licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs.
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quarta-feira, 28 de julho de 2010

Queria você aqui.

O corpo se manifesta
A mente fica confusa e indefesa
Os lábios se contraem num desgosto
Mas logo se abrem em um sorriso.
A pele arde, transmite calor
os olhos se cruzam,
Mais um segredo é revelado
Momento nostálgico
Esse que me pego pensando em você
Momento nostálgico
Esse que nunca consigo prever

O silêncio fala
Os olhos dançam
A boca salta
Os braços apoiam
Mais um momento se passa
E continuamos aqui
Preso um no outro
Não há para onde ir.

O vento balança o cabelo
Traz o cheiro, o afeto
A pedra marca, eterniza
O sol se põe do outro lado
E a gente aqui continua a se olhar
Com esse gosto amargo na boca
De quem vive só de lembrança

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Queria você aqui. de Hannah Tobelém é licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs.
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O que te nutre, te destrói.

Quando o vazio é maior que você
Quando a dor é tudo que te resta
Quando é o sujo que te puxa para baixo
O que te nutre, te destrói.
É o vicio, é o asco, é o fogo.
É o veneno, é a mordida, é a lama.
É a pressão, é o tapa, é a ferrugem

São todos os ossos que estão quebrados
São todas as mentiras sempre contadas
É o buraco no peito, a dor sem receio
É a bruta verdade que nada importa

Bem que você queria, bem que você queria
Que ficasse tudo bem.

Quando o desespero te desalmar
Quando a raiva for tudo que lhe resta
Quando o ódio queimar os olhos
O que te nutre, te destrói.
É a derrota, o choro contido, é o abismo
É o nojo, o desgosto, é a facada
É a humilhação, o conforto, é a verdade.

São todos os ossos que estão quebrados
São todas as mentiras sempre contadas
É o buraco no peito, a dor sem receio
É a bruta verdade que nada importa

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O que te nutre, te destrói. de Hannah Tobelém é licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs.
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terça-feira, 27 de julho de 2010

Meu menino.

Vem meu menino vadio
Vem fazer o seu ninho
Já era hora de aparecer
E fazer valer
Todo o tempo perdido.

Vem meu menino vadio
Vem cobrir o meu vazio
Vem me encher de carinho
Demolir a dor

Vem meu menino vagante
Deixa eu ser tua amante
Que em uma noite
Eu curo sua dor berrante
Vem meu menino errante
Vem procurar abrigo
Eu serei só amor contigo



*E quando vamos deixar de sonhar
E começar a viver
A vida que o destino fez prometer?

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segunda-feira, 26 de julho de 2010

Stay safe

You are under my skin
Oh baby I feel every heartbeat

I told you to come clean
Oh you are under my skin
Oh baby I feel every heartbeat
Oh you feel it?
I wiil make you feel so bad

You should know
I don't have a soul
Sleep with me wake up alone
You're too young to understand this mess

I told you to come clean
Oh you are under my skin
Oh baby I feel every heartbeat
Oh you feel it?
I wiil make you feel so bad

we're the same
we're the same forever
I can be your best friend
Your dirty little secret
is safe tonight
Come on, come on baby
Come on
Watch me burn I know you would

I told you to come clean
Oh you are under my skin
Oh baby I feel every heartbeat
Oh you feel it?
I wiil make you feel so bad

Ooh, you feel it?

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Inside my body

My Girls
My germs
My life
My, my, my
My skin burn
I feel every heartbeat
I see you hug the world with your legs
I want see the world under your dress
Because baby
I wanna a new perspective

My girls
My germs
My life
I die
My knife
I break
I break

Oh, Oh, Oh.
Baby, I'm sorry
I know I'm a whore
Oh baby let it go

My skin burn
I feel every heartbeat
I see you hug the world with your legs
I want see the world under your dress
Because baby
I wanna a new perspective

You are my germ

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sábado, 24 de julho de 2010

Little Toy

Little, little, little toy
I just want to use.
Playing with guns
Exploding your heart
And burning your inspiration
Stupid little toy
I told you to come clean
Because all drugs are all my loves
I'm not going to fall in love for nobody
And you would be so stupid to fuck with me
Because baby, I'm much smarter than you

Little, little, little toy
So innocent
I just want to abuse you
Smells like milk
You need to grow up
Because nobody will make me disappear
Little, little, little toy
I will make you hurt
So close your eyes
And let it burn

Little boy, little boy
You are my toy
Do not go crying
I know all their weaknesses
And you'd be too stupid to fuck with me
Because baby, I'm much smarter than you
I will make you hurt
Oh baby, let it burn.

I will make you hurt
Oh baby, let it burn.

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quarta-feira, 21 de julho de 2010

Aqui do alto.

Te vi do outro lado da rua
Brilhando como um diamante
Eu tive uma visão perfeita sua
Com os seus jeans rasgados
e sua ponta de cigarro

Eu passo a mão nos meus cabelos desgrenhados
Qual o meu problema?
Não existe nenhum dilema a ser seguido
Nenhuma regra a ser quebrada
Não faça disso uma obrigação
O bom do prazer é a sensação
De nostalgia e alegria

Não chore, não chore
Eu não sou seu ombro amigo
Não chore, não chore
Não vou servir de abrigo
Não se aproxime
Eu não suporto o seu olhar dissimulado
Pare de chorar, pare de chorar
Eu não estou do seu lado

Do parapeito da janela
Da pra ver a sua cara
Nunca vi nada mais patético
Do que seu cigarro de palha
Saia da minha porta
Que eu não sou idiota
De deixar você entrar.

Não chore, não chore
Eu não sou sua amiga
Não chore, não chore
Que vai abrir a ferida
Não implore, não implore
Eu não sou sua salvação.

Você precisa aprender a hora de ir.

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terça-feira, 20 de julho de 2010

A menina e a flor.

A menina com a flor
Se balança entre os trilhos
Esperando o trem chegar
Hoje ela recebe o seu castigo
Com os olhos presos no cascalho
Ela pensa em como vai resolver essa confusão
O tempo passa e as cores entram em combustão

A rosa já morta descança no chão
A menina com seu problema
Segura mais um espinho
Ela se equilibra em apenas um trilho
É a menina com sua flor.
Ela amargurada, olhava pra sua dor.


Cansada de explicar o óbvio
E de tentar resolver o impossivel
Ela pega o trem e parti.
Vai eternizar mais uma tarde
Deixando mais belas partes
De suas pernas, com outros pares.

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segunda-feira, 19 de julho de 2010

Abertura

As cartas continuam guardadas
A esperança continua lacrada
Presa, sem escolha.
O rancor continua queimando
Como a dor que vem te torturando.
Vem sagrando, aberto para o amor
Vem aberto, sagrando pelo sabor.

Cada cálice conta um pouco da sua vida
Que abram a avenida
Uma nova dor vai passar.
De balcão em balcão
Você faz a sua história
São risos e olhares embriagados
São casos sempre forjados
É a alegria momentânea de ter
A felicidade desce queimando a garganta.

Agora você pode vir
Vem
Mas vem aberto, amor
Tudo que lhe garanto é a dor
E não olhe nos olhos
Se é a verdade que quer
Eu não sou qualquer mulher
Tire o sorriso do rosto
E me prepare um café
Que eu já estou cansada do seu desgosto.

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domingo, 18 de julho de 2010

Cuidado, frágil!

A vida pode não parecer, mas é frágil. Como um copo de vidro que se quebra ao encostar no chão, restam apenas pedaços espalhados por todo um espaço e tudo que resta são as lembranças que com o tempo serão esquecidas. Sem cor, sem brilho, sem valor, o seu copo antes de quebrar, se rachou, tão fino e tão profundo que não se percebeu o estrago. Agora é tarde, os cacos já foram jogados fora, estão dentro de um saco de lixo prontos para serem esquecidos.
A vida é frágil, como um copo cheio de água que com apenas mais uma gota , transborda. Pesado demais para carregar, cheio demais para não entornar. Sem sabor, sem cheiro, sem graça, a água contida vaza. Vaza até o copo ficar vazio... Vazio de água, vazio de ar.
A vida é mesmo bela na sua fragilidade. A transparencia permite ver tudo... distorcido. Como uma janela, nada se ouve, nada se fala, apenas se vê. Do lado de dentro o tempo passa, do lado de fora ninguém repara. Janelas possuem grades, fortes e de ferro, pintadas de verdes para não espantar. As janelas com suas grades são para evitar acidente, a vida é mesmo uma prisão.
A vida é mesmo cruel. Como um brinquedo ela faz de seus protagonistas de coadjuvantes, somos suas marionetes nesse jogo da vida. Passamos a nossa existência inteira brincando de viver, brincando de amar, brincando de ser. A vida é mesmo uma mentira.
A vida é mesmo preciosa. Como um galho caído da árvore, ela tem beleza, ela é natural, ela é suja. Como as frutas do topo da safra, ela tem o seu sabor, ela tem o valor. Como os incêndios na mata, ela tem o seu inicio, ela tem a sua dor. A vida consegue ser desesperante como o choro do seu primeiro filho, ou a certeza da morte no parto. A vida é mesmo romântica, com os seus pores-do-sol, com os seus nasceres do sol, assim como todas as lágrimas derramadas e toda a lama espalhada, ela tem seu esplendor. A vida é mesmo frágil.

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Cuidado frágil! de Hannah Tobelém é licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs.
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sábado, 17 de julho de 2010

Água santa.

Deixa a chuva cair
Cair e levar
Essa sua dor, essa sua tristeza.
Deixe a chuva cair
cair e lavar
Esse seu penar, esse seu contar
Esse seu negar.

Essa dor no peito
Essa pressão sem escalas
Vai subindo os degraus da impaciencia
Tenha dó!
Pra que a decência?
Se a sua consciência
Não te deixa respirar.

Deixa chuva cair,
Cair e banhar
O seu corpo cansado
O seu rosto amargurado
Deixa a chuva cair,
Cair e banhar
Esse peito estufado
Esse orgulho furado
Quem nem você acredita.

Deixa a água cair
Água pura e santa
Deixa que ela sana
Toda essa sua dor de amar.


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Água santa. de Hannah Tobelém é licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs.
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domingo, 11 de julho de 2010

Derrota.

Pra que disfarçar?
A angustia do olhar
A indecisão
Só te faz querer ficar
E como pode alguém caminhar?
Sem ter direção.

Como é dificil
Tentar dissimular
Tanto rancor reprimido
Não dá pra esconder
Esse choro contido
Esse orgulho ferido
Não dá pra esconder
A angustia do olhar
O falso falar
Me diz verdade
Que eu não quero saber.

Pra que tentar?
Se tudo que eu tento
Só faz piorar
Essa dor no meu peito
Essa razão sem efeito

Só faz aumentar
Esse amor com defeito
Esse grito suspeito.

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sexta-feira, 9 de julho de 2010

Reflexo.

A vida que eu escolhi
É tão fácil seguir
Caminhando por pés
que não são meus
são seus?
E tendo ideias tão
tão normais, tanto quanto banais.

Assustada, acordei.
Lavei meu rosto e me sequei.
A imagem no espelho
refletia o que eu não queria ver
Eram marcas, cicatrizes
de batalhas que eu nunca vivi
Eram olhos e olhares de uma dor.
Ela falava?

Caminhei exausta
durante muito muito tempo
Para perceber
Que o tempo todo
Eu só queria me conhecer.

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Reflexo de Hannah Tobelém é licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs.
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Em mim.

Estou cansada de viver fantasias
só minhas
Trancada no meu imaginário
Eu não paro de pensar como seria
Viver as promessas da vida.

Se tudo fosse diferente
Se o impossível acontecesse
Se as ideias ganhassem vida
Como seria com a gente?

Agora estamos juntos, estamos bem.
O tempo para, eu acho graça.
O meu ponto de vista
Mostra uma realidade pessimista.
E se fosse para acontecer
Nós dois no amanhecer
De uma noite estrelada
Entrelaçada no mar de euforia

O tempo pode esperar
ele vai.
O presente repete o passado que remete ao futuro
Futuro pelo qual eu espero
Ver você a minha porta
Me querendo como eu quero

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Em mim. de Hannah Tobelém é licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs.
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segunda-feira, 5 de julho de 2010

Atalhos;

Não pense que tudo está perdido
procure sempre um amigo para te consolar
Resgate aquele fino fio
E não deixe de sonhar.
Se pensas que a solidão irá te abraçar
olhe para o céu e veja um mundo a te esperar
São estrelas, sois e luas
são pessoas extremamente nuas.

Se os caminhos fáceis você quer seguir
Saiba que com ele muitas pessoas vão deixar de vir.
As árvores que tampam o sol e fazem a sombra
são as mesmas que trazem conforto e brisa.
Não se traia por qualquer promessa
Em algum lugar tem um certo alguém.
Não se esqueça.

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Atalhos. de Hannah Tobelém é licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs.
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sábado, 3 de julho de 2010

Fosco,

Ontem a noite eu percebi uma figura solitária
Ela estava sentada na varanda de casa
Com um violão debaixo do braço, tentando compor.
Eram lágrimas, sorrisos e arranhões.
Eram lembranças, histórias, cutucões.
Era o seu passado numa folha de papel.
Ela amargurada olhava pro céu
contava as estrelas para esquecer.
Naquelas cordas seus dedos teciam uma melodia
Seus pelos arrepiavam com o vento frio
Eram uma da manhã e ela estava sem seu cobertor.
Ela queria show, multidão, gritaria.
Calmaria, para ter uma rima.

Agora ela está no chão.
Sem óculos, sem voz, sem um tostão.
Ela queria achar o amor da sua vida
Mas antes queria ter muitas feridas.
Ser uma destruidora de coração.
Agora ela está no chão.
Sofrendo tudo o que fez sofrer.
Ela só queria esquecer,
pegar a agulha e dormir para sempre.
Ela queria ter coragem,
é preciso bagagem pra completar essa viagem.

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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Mudança de Hábito.

Todos querem tudo tão perfeito
Que esquecem de olhar pros seus feitos
São personagens mascarados
Massacram qualquer um sem máscara
Sentados na sua cadeira de palha
O cachimbo no canto da boca
E os olhos incediarios
Eles vão te derrubar
Eles serão os seus amigos
Serão os seus anjos
e os seus pecados, pode confessar.

Com o rosto sempre coberto
O véu da vergonha não deixa ninguém ver
A desgastante culpa que os olhos não deixam transparecer.
Mostram todos os dentes, como se fossem navalhas
São todos uns canalhas
Pinte os seus lábios de vermelho
Os seus olhos de preto
Coloque a manta da castidade
Mas nunca conte a verdade.

Se você jogar tudo fora por esse mundo
se abrir mão dos seus sonhos por ele.
Se é nele que você quer viver.
Boa sorte, espero nunca mais te ver.

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Falta de realidade.

Sentir falta do nada
é uma febre nostalgica
do que nunca se teve.
Você se contém!
Quem nunca teve um trauma
ainda não viveu
você viveu?
Enfrentou suas próprias dores?
Revelou suas próprias mentiras?
Ou viveu de fantasias?
Então cresça e viva
Por que não existe nenhum mundo de mágia.

Entreque-se e se contorsa na sua própria cama
Duvido que alguém vai dizer que te ama.
Pare de sonhar acordado
Em uma bela hora, você vai ser derrotado
Por todos os seus amigos imaginarios.

Cultivando os mesmos velhos medos
com o mesmo velho olhar cansado
de quem procura em cada par
Algum lugar pra descansar.

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domingo, 27 de junho de 2010

Fingindo ser.

Se o mundo girasse mais devagar
Talvez o tempo se curvaria a mim
E com um certo penar, até engatinhar.
Queria ver quantas rosas cabem no teu jardim
E quantas mentiras você pode contar.
E eu sei, que você anda buscando de lar em lar.
Alguém que possa te amar, ou que apenas finja.

É realmente dificil abrir mão do futil
Quando é exatamente isso que te torna inutil.
E agora é tudo que você é
Com seus pedaços de fantasias.
Mais um dia se passa pra completar a sua rotina
E mais um copo é esvaziado, mais uma colher é aquecida
E com o tempo e com todos os seus amigos, você é esquecida.
Seja sua heroina, só você pode se salvar.
Seja sua heroina, só você pode se salvar.
Seja sua heroina, só você pode se salvar.
Repetir isso pra si mesma não vai adiantar.

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Fingindo ser. de Hannah Tobelém é licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike.
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terça-feira, 22 de junho de 2010

ACABOU O AMOR.

É. As coisas mudam, pessoas se transformam e outras se tornam irreconheciveis, o tempo faz isso e só percebemos muito depois. Digo por exemplo, aquele seu amigo, do peito, que te contava tudo e de repente parou de te procurar ou simplesmente cansou de dizer as coisas pra você. Ou como por exemplo, você, é você mesmo, passou a ver o mundo de um modo diferente e coisas que te agradavam antes, te dão repulsa agora.
Acho que a mudança é normal, anormal somos nós que nos impedimos de deixa-la acontecer, por medo ou preconceito. Não adianta, se prender a esse presente, aliás esse tempo já passou...
Andando por novos caminhos, descobri que embora existam muitas pessoas sacanas, por incrivel que pareça ela pode estar bem ao seu lado, existem outras extremamente bondosas. Tá, eu não sei dar exemplo de bondade, por que vejo o copo sempre meio vazio, mas as vezes e só as vezes, eu sinto que pelo menos alguém no mundo pensa positivo.
Hoje conversando sobre religião com o pessoal cheguei a seguinte conclusão: Eu sou o meu Deus. Eu sou o meu Diabo. Eu tenho a minha salvação e ao mesmo tempo eu me perco nos caminhos que eu escolhi. Ser o bem e o mau é contraditório, mas eu sou assim. Eu me guio e eu me perco.
Seilá por que to escrevendo tudo isso, é só um desabafo, to cansada de um monte de coisas, de ter que escrever rimando pra ficar bonitinho, ou de ter sonhos que eu nunca vou alcançar. ACABOU O AMOR. Acabou o amor pra você que me negava amor, acabou o amor pra você que me fingia amor e acabou o amor pra você que me dava amor. ACABOU.
E se não gostar, pode me ignorar, novos caminhos vão se abrir, eles sempre se abrem.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Queria poder dizer.

Você sabe escutar?
Por que eu queria poder dizer
Que em todos os pores-do-sol
eu te vi nascer e morrer.
Queria poder te mostrar
os 7 mares que existem por ai,
te tirar da sua cúpula de rosa.
Queria poder pegar uma pá
e cavar, até te achar.
Cada vez mais fundo,
cada vez mais sujo.
Queria ser
a razão das sua noites mal dormidas
e talvez de algumas brigas.
Queria poder dizer que te amo.
Mas o meu amor não é igual ao seu.
Ele é só meu.

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Queria poder dizer. de Hannah Tobelém é licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs.
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domingo, 20 de junho de 2010

Carta para um anonimo.

Meu bem, a vida aqui está caótica. A cada dia sinto mais sua falta e aangustia de te ter se torna maior. O meu conforto são nossas lembranças que provam que tudo existiu, elas são uma dádiva.
Fiquei sabendo que tem um novo amor, e que está feliz com ele. Eu não fico feliz e forjo uma alegria que não é minha. Descobri por terceiros, pois não teve coragem de me dizer. Pois bem, aqui estou eu, te dizendo "Eu sei de tudo". Não precisa pedir desculpas, muito menos criar uma razão para tudo isso. Caminhos se cruzam, pessoas se conhecem e outras são deixadas para trás.
Saiba que durante todo o tempo, mesmo você não sabendo, eu pensei em você e com calma fui lembrando cada momento nosso, que era pra não esquecer de nenhum detalhe. E agora depois de longos meses e plavras de carinho, descubro A outra, ou seria eu a segunda opção? Não importa, minha carta era para te avisar que sei de tudo e apesar disso continuo te amando.

Com amor, Alguém.

Do que você sente falta?

Você, você sente falta do que?
Sente falta das épocas passadas
E das roupas amarrotas?
Sente falta dos amigos queridos
e dos seus inúmeros corações partidos?
Você sente saudade de você?
De como você era há 10 anos
E das suas ideias contraditórias?
Sente falta das festas que frequentou
e dos amores pelo qual chorou?
A sua saudade te alimenta?
Ela te destrói?
Você sente falta de amar?
Ou sente falta de não amar?
Tem saudade da sua saudade?
E dos pensamentos típicos da sua idade?
Sente falta do transtorno do dia-a-dia
E do penar de ter uma rotina?
A sua saudade é sua?
Ela é Utópica?
Sente saudade de ver o jardim florescer
e com ele o seu girassol nascer?
você sente falta do seu amor?
Você viveu com ele?
Viveu para ele?
Ou foi apenas fruto da sua imaginação?
Como a sua saudade nostálgica, do que nunca aconteceu?

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quinta-feira, 10 de junho de 2010

Da para sentir falta do que nunca se teve?

Eu sinto uma dor enorme e a cada dia ela me possui mais, me livrar dela, seria livrar-me de mim. Cresces-te comigo e eu te dei minha consciência como alimento, durante anos eu te vi amadurecer, sem razão e com motivo, ou seria ao contrário? Toda vez que eu relembro o meu passado eu te sinto mais forte, como se estivesse no meio do meu ser e crescendo, abria meu corpo, arrombava a minha alma. Devolva minha vitalidade!
Você foi regada durante anos pelo meu sofrimento e eu te cativei sem ninguém saber, como um bastardo no seio de uma família. Durante as noites deitada na minha cama, trancada no meu quarto escuro, você não falava, gritava, berrava o que eu não queria ouvir, mas durante o dia era mais contida, era a vergonha da sua existência se mostrando. Mostrar a depressão é o primeiro sinal de fraqueza e eu precisa ser forte.
Eu jurei para mim mesma que tinha te contido, e feliz, acreditei nessa ilusão. Agora, você é um demónio, o meu, e me domina, me possui, esquecendo que fui eu quem te criou!
Depois de me consumir por inteira você se torna maior do que eu, me fez criar olheiras fundas e roxas, quase pretas, com um expressão de falta de...tudo. Toda vez que eu olho o meu espelho é você quem eu vejo, pálida, cinza e com um sorriso cruel, caracteristico seu. A saudade, o remorso, a intolerância, são seus aliados contra mim, estou em guerra,preciso me combater.
Você deve estar inteira, pois virou um trauma, uma rachadura profunda e quente, dilacerando tudo a sua frente. Eu sinto que a cada dia que eu te alimento, me mato aos poucos, como um viciado.
Eu fico pensando, se dá para sentir falta do que nunca se teve. Dá e dá pra sentir dor também.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Casa nova.

Finalmente me mudei, tem mais ou menos um mês. È, a casa é legal, agradavel, fresca.
Sabe aquela expressão "Casa nova, vida nova", é mentira, pode acreditar. Continuo com a mesma vida velha, as mesmas antigas dores e os conflitos também não mudaram de pessoa, só de endereço.
As correspondencias agora vem para o lugar novo, porém continuam não chegando, não existe ninguém que queira saber de mim, ou de qualquer coisa que me envolva. As janelas, agora, estão ficando abertas, escancaradas, mas atrás delas existem grades de ferro que me deixam aprisionada num cubiculo.
A vida é boa, só eu que sou triste mesmo.

sábado, 6 de março de 2010

Amigos secretos e outros segredos

No Sul, chama-se amigo secreto. Em outros Estados, amigo oculto. É quando realiza-se um sorteio para ver quem-vai-dar-presente-pra-quem no Natal ou em qualquer outra data festiva em que participe um grupo. Nesse final de ano, você terá pelo menos um amigo secreto na família, na turma, na escola ou no trabalho. Quem será?

Surpresa. Amigos secretos revelam-se na hora, faz parte da brincadeira. O que você talvez não saiba, e continue a não saber por toda a vida, é que também existe o apaixonado secreto.

Na loteria do destino, alguém abriu o coração e saiu seu nome. Talvez tenha tentado se aproximar e você não percebeu. Talvez faça parte do seu grupo há muitos anos e você nunca o tenha reparado. Talvez tenha lhe encontrado namorando, ou já casado, e discretamente escondeu o interesse para não perturbar a sua paz. Você pode ter, sim, um amor secreto e não saber a falta que pra ele você faz.

O presente que essa pessoa gostaria de lhe dar não se compra em shopping, não se paga à vista, não se financia. Você esteve ali ali para receber um beijo-surpresa, mas seu amor secreto não teve essa ousadia.

Ele pode estar há quilômetros de distância, se comunicando com você pela Internet, ou pode morar no mesmo prédio, estudar na mesma aula, freqüentar a mesma praia. Você não sente sua presença, mas talvez sinta sua ausência.

Seu amor secreto não revela-se porque sabe que você detesta cigarro, e ele fuma. Porque sabe que você só namora pessoas da sua idade, e ele é muito mais moço. Porque sabe que você riria da sua gagueira, da sua falta de grana, de seu embaraço. Seu amor secreto lhe deixaria atônito. Por isso, ele mantém-se discreto, platônico.

Entre amigos não há sigilo, só um suspense durante a festa, até saber quem irá, afinal, nos abraçar e revelar que está ao grupo representando. Já entre amores secretos não há abraços nem revelações. Alguém lhe ama em segredo, e o presente é manter você acreditando.

Martha Medeiros.

Sem título

Eu vi esse texo em um blog e achei essa parte muito apropriada, vejamos se gostam.

Te amar não é fácil, é quase o anti-amor. É muito quase como se você nem existisse, porque só o homem perfeito mereceria tanto sentimento. E eu te anulo o tempo todo dizendo para mim, repetindo para mim, o quanto você falha, o quanto você fraqueja, o quanto você se engana.
E fazendo isso, eu só consigo te amar mais ainda.
E a gente vai por aí, se completando assim meio torto mesmo. E Deus escrevendo certo pelas nossas linhas que se não fossem tão tortas, não teriam se cruzado.



Tati Bernardi

Ela contra o mundo.

Eu gostaria de chamar a sua atenção, não para mim, eu não mereço tanto. Eu gostaria que você visse o mundo ao seu redor, visse que existe alguém, mais perto do que você imagina, querendo o seu bem, sofrendo pelo seu desprezo e morrendo de amores. Ninguém sabe por que de uma hora para outra ela fica mais atenta, quando toca uma música ou quando os olhos brilham do nada vendo alguma paisagem, mas ela sabe aonde está. Os amigos acham que não existe cura, o amor-próprio ela jogou fora, o orgulho foi para a lixeira, essa menina só pode estar vivendo no mundo da lua, todos pensam isso. Mas não é aonde ela está, é um mundo paralelo, algum desvio que a deixa mais próxima dele, mas mesmo assim não pode toca-lo, ou dizer palavras reconfortantes na hora da dor, ela não pode pega-lo no colo e oferecer seu ombro amigo, é arriscado demais. É como uma casa de vidro, não se pode ter contato com o meio externo e os barulhos se tornam cada vez mais altos por causa dos ecos, é agoniante. Dói pensar que ele sabe, mas que sua realidade o deixa cego, o poder imaginário de parar o tempo e o espaço, o fazem perder oportunidades incríveis, mesmo vivendo intensamente, acaba deixando uma parte da vida para trás.
Se eu pudesse, eu entraria no seu mundo, o deixaria de cabeça para baixo, seriamos eu e você, mais ninguém, eu não permitiria que ninguém te fizesse mal, ou te deixasse triste, eu brigaria com você até te ver sorrir, faria isso todos os dias se fosse preciso. Se fosse necessário, guerrilharia com o mundo para te ter, viveria em um barco, mesmo não gostando do balanço do mar, eu faria tudo e mais um pouco. E você, faria alguma coisa pela pessoa amada?

Licença Creative Commons
Ela contra o mundo de Hannah Tobelém é licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs.
Based on a work at alicequeramar.blogspot.com.