domingo, 31 de outubro de 2010

Eterno CP2.

É com uma enorme tristeza e alegria que eu escrevo este texto, demonstrando todo o meu afeto e angustia pelo Pedro II. Nenhum colégio cativa os alunos como este, nenhuma instituição causa tanta comoção como esta. O Pedro II não é um colégio meio-termo, morno, pelo contrário, ou você ama ou odeia. Não importa em qual ano você chegou, em qual saiu, quanto tempo ficou. Todo aluno canta a tabuada com lágrimas e sorrisos no último dia.
Quem pensa que a vida adulta começa na faculdade, está enganado. Minha vida adulta começou no Pedro II, por diversos momentos nós alunos somos testados, testam nossa paciência, tolerância, esperteza, as nossas amizades e ainda por cima colocam nosso amor recem-nascido e inocente a prova. Quando engolimos nosso orgulho e abaixamos a cabeça pro mestre ou para um funcionário do SESOP, quando aprendemos a argumentar com a diretoria, quando cantamos o nosso hino com emoção, é nessa hora que crescemos.
Eu sinto um orgulho imenso de ter feito parte dessa família, de ter tido professores sensacionais, de quebrar preconceitos, de estender meus limites para conhecer o desconhecido. Não nos limitamos apenas a aprender, mas nós indagamos, com audácia e coragem, aprendemos mais que matemática e literatura, aprendemos mais que desenho e física, aprendemos uma lição de vida, entendemos uma história.
Hoje o Pedro II é uma fotografia colorida e fresca na minha cabeça e na minha santidade. Tem cheiro, tato e sabor fresco de um passado recente e de um futuro próximo que voltarei. Como um papel amarelado ou um retrato em preto e branco, o Pedro II tem e terá sua marca nostálgica na vida de quem passar por ele. Marca que irá aparecer a cada vez que virmos um bolso com emblema com suas estrelas, sonhos e dilemas.
Não estamos fechando um livro, mas terminando um capítulo, com sorrisos, malandragem e muitas lágrimas de quem sentirá muita saudade da tabuada. Estamos indo, com os lábios apertados e com o coração nas mãos. Estamos indo, mas não abandonando, por que o Pedro II nunca deixará seus alunos, cada estudante se torna seguidor. Vamos embora, mas deixamos as portas abertas para os calouros, abrimos os portões para os que vão, mas voltam como professores.
Devo agradecer de todo o meu coração, aos mestres, principalmente Hércules, Marcus Vinicius, Wilson, Monicão e Vitor por me mostrarem como o magistério é brilhante e amigo. Devo agradecer com lágrimas nos olhos, pois esses e outros me mostraram o caminho do ensino, é com orgulho que eu grito pra quem quiser ouvir: Voltarei, mas como professora.
Obrigada a todos que eu conheci, obrigada a cada olhar de companheirismo, obrigada a todos os amigos, todas as brigas, feridas, marcas que eu tive nesse colégio. Obrigada por arrancar lágrimas de saudade prematura dos meus olhos, por desfazer o mau-humor diário, por construir os sorrisos inesperados. OBRIGADA POR TUDO. Eu vou embora sendo aluna, mas volto como professora.

Pedro II

Essa minha penosa rotina
De acordar todo dia
No calor e no frio
Para completar o meu futuro.

Na ida as pessoas são vazias
Não existe conversa, ou alegria
Na volta é sempre uma nova história
As bocas sempre cheias de fofoca

Na segunda são números e rimas
Textos em outra língua
São risadas e agonia
No final da tarde melancolia

Na terça fórmulas de física
Boatos e adrenalina
Com a biologia um pouco mais de vida
E se a sociologia me chamar
Dou aulas de politica, só para contestar

Na quarta o diabo em pessoa
quem ensina a gramática?
Uma querida professora
Na química de contas
Choros por não darmos conta.

Na quinta é um sofrimento
Pegar o compasso e estudar desenho
Para amenizar a angústia
Eis que surge a geografia
Para comentar o futebol e dar um sumiço.

A sexta que é um alivio
Mais números, rimas e carbonos
No final do tempo reclamações...
Amanhã é sábado, dia esperado!

E no sábado de sol
Sono e ressaca para alegrar o dia
Afinal, hoje temos história e geografia!
A cerveja me espera no final do dia.

E agora, que tudo acabou
A mania do bolso, a saia rodada
As fofocas de corredor
Os olhos de um sonhador

Aos mestres, só devo agradecer
Foram eles que me ajudadaram a crescer
A decidir meu futuro, a admitir os erros
A aceitar as ordens, engolir seus defeitos

É triste mesmo essa despedida
Com travesseiros e gargalhadas
No final tudo se resumo a isso
Pedro II: Uma grande piada bem contada.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Contra-tempo.

Já se passou tanto tempo
Desde aquela vez que eu te fiz sofrer
Ainda é difícil de imaginar
A angustia que tinha o seu olhar
Jogado ao vento, como um futuro incerto
Era amor bandido em um coração de pedra
Ilusão satisfeita em sonho de criança.

Faz parte dessa vida
Nascer, viver e morrer com uma ferida
Como uma folha de papel amarelada
Como uma foto em preto e branco no porta-retrato
É a lembrança acinzentada
Sentada no banco branco da praça
Vendo o nosso amor em desgraça.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Poemas...

As vezes quando eu estou triste
Eu escrevo poemas...
Igualmente deprimidos
É como se fosse o último raio de sol
De um verão gelado e seco
E mesmo quando eu estou na natureza
Eu me sinto presa
As grades em mim, teimam em conversar

Sozinha, deitada na escuridão da consciência
Eu vejo uma linha: É a minha vida
Que de uma hora para outra se tornou vazia, oca
Escrever, alivia a pressão
É como se fosse a última ponta do melhor baseado
É como se fosse a única frase de um péssimo livro

Amargurada e transparente eu atraio novos olhares
De viciados a inocentes, eu sou uma interrogação
O que se passa nos olhos da menina?
Frustração...

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Infinito de um quarto.

Segurei as gotas grossas
Com receio de borrar o papel
Tateei com os dedos
O futuro incerto que traz o medo
Manchei de preto as faces que me cobrem
Voltei para os caminhos que me descobrem

Nessa imensidão de brotos
Que nascem sem saber por que
Nessa mistura de sabores
Que não identificamos o saber
Nessa confusão de sentimentos
Que eu nunca sinto
Faz falta sentir alguma coisa

A pintura em gel exposta na parede
Me faz lembrar de um passado que nunca existiu
Por que eu nunca vi o seu sorriso de manhã cedo
Nem seus cabelos desgrenhados junto aos meus

Sentada no chão do quarto
Eu olho pras paredes, eu reparo nos retratos
Eu seguro nos cascalhos
E percebo que nada mais me lembra você.

Ao seu redor.

Admirando a natureza morta
Dentro de sua jaula
Os corpos quentes derretem o plástico
Plástico que cobre a vergonha
Cobre a loucura, inibe o surto

Rostos de parcela que escondem o medo
Querem ter o controle
Querem ter uma perfeita conduta
Mas quando não tem ninguém perto...

Dentro de uma gaiola
A asa quebrada volta a doer
Latejando, ritmada com a pulsividade do coração
Compulsivo, os olhos molhados voltam a derramar
O liquido sagrado nunca valorizado

Do que adianta um perfeito sorriso?
Se seus dentes são amarelados pela hipocrisia
Do que adianta ter olhos inocentes?
Se por dentro o fogo lambe a sanidade
Do que adianta a pele macia?
Se a mente dura, oca
Arde com a verdade

Mas se você pudesse quebrar
Todas as barreiras um dia impostas
Se você pudesse ir além
De todos os caminhos já programados
E se você pudesse encerrar
Com toda essa magoa contida
E se você pudesse escolher
Outra vida sem ser a sua
Você continuaria dentro da sua toca?

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Quem cai primeiro.

Jogo, diversão
Mais um dia, mais uma rodada
Um olhar de delírio, um sorriso de coringa
Uma partida como outra qualquer
Botem as fichas na mesa
Hoje quem aposta é uma mulher!

Jogo de perdição
Trincas, canastras, um Às na mão
Adversário, se posicione
Encha o copo e prepare para não esquecer
Na mesa, cigarros, conversas e sedução
Botem as fichas na mesa
Hoje quem aposta é uma mulher!

Jogos como esse são memoráveis
Não precisa ser carnaval, nem um sábado carnal
Todo dia é dia de beber e esquecer
Ontem fui eu, mas hoje é você.

Roleta russa essa, que deixa tudo maximizado
Sutileza fala mais alto, muito melhor viver no pecado
O gatilho tá comigo, a caça hoje é você
Indiretas, olhares, pernas cruzadas
Quem resiste a um jogo sem cartas?

Ponto pra mim, ponto pra você
Cada rodada é uma nova partida
Tá negativo? Não importa.
No final todo mundo ganha
No final todo mundo joga
Ser tentação, causa admiração
Tá na hora de ir embora.