quinta-feira, 5 de abril de 2012

Boneca V



Tanto tempo se passou desde que minha Boneca se fora e mesmo assim lembro-me com detalhes de nossos passeios e aventuras juntos. Minha menina estudava no colégio da vizinhança, eu apenas precisava subir a rua 56 para escutar os gritinhos histéricos das meninas que estudavam lá, tanto barulho me deixava de mau-humor e cansado. O uniforme de colegial ficava perfeito em seu corpo que já estava tomando lugar e definindo suas formas, a blusa marcava a protuberância dos seios que ameaçavam aparecer e a saia rodada deixava a mostra suas pernas carnudas e tão brancas que refletiam o sol chamando a atenção das pessoas ao seu redor. Eu adorava ver minha menina voltando das aulas, a saia voando, os cadernos na mão e as duas tranças marcando o cabelo, uma típica ninfeta que não sabe o seu poder.
Algumas vezes eu fui busca-lá no colégio, ela me apresentava como um tio distante que veio a cidade apenas para visita-la e logo em seguida abria um sorriso por ver as amigas desejando tamanho interesse por um homem. Ela pegava a minha mão e falava: "Vamos titio, hoje você tem que passar a lição, está tão complicada!" e gargalhava com o segredo que só nós dois dividíamos. Eu adorava suas birras de menina mimada e o jeito que franzia a testa quando estava com raiva, ela ficava nua e corria até a janela falando que a liberdade estava na nudez e que eu não entendia isso por que era velho demais.
Nosso teatro em família levou a uma briga sem tamanhos, enquanto ela falava aos quatros ventos que eu era seu tio amado que sempre comprava chocolates e a levava para o cinema, eu precisava ficar escondido, se alguém descobrisse nossa relação eu certamente iria ser preso e perderia minha boneca para o tempo. Eu ralei com ela, fiz um discurso merecedor de troféu e falei que era pra ficar em segredo que era apenas para suas amiguinhas saberem para ficarem com inveja, que uma menina tão nova não pode ficar com um homem tão velho que tem idade para ser pai. Ela não aceitou ficou com raiva e pensou que eu tinha vergonha dela, levantou da cama, nua como estava, colocou a mão na cintura e falou "Pois se tem vergonha de mim, faz bem, arranjo outro velho para me colocar no colo e me acarinhar já que você tem medo do que os outros vão falar, aposto que arranjo um menos covarde que você", aquela cena me deu nojo e pena, tocou no meu ego e eu não consegui evitar, levantei a mão para bate-la e faze-la se arrepender pela palavras que ela me cuspia no rosto. Me arrependi de te-la ameaçado, com a mão levantada em direção a seu rosto, ela se encolheu como um animalzinho amedrontado e aquilo me partiu o coração e logo que abaixei a mão ela que me bateu e avisou que era mais esperta do que eu imaginava.
Não sei por que me recordo disso agora, se me olho no espelho consigo ver as marcas de seus dedinhos finos em minha bochecha e seus olhos cintilantes de raiva, consigo ver seus quadris dançando pelo quarto e seu olhar mostrando que eu era a caça e ela a caçadora.

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