quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
Navalha na carne.
Eu vou sussurrar em seus ouvidos e você escutará apenas a força dos seus desejos. Por hora, eu vou te consumir e te fazer implorar por línguas afiadas que rasgarão sua pele, somente agora esse espelho irá refletir toda angustia dentro do seu peito. Eu vou esperar a noite cair para ver seus olhos fechados se abrirem em minha presença, eu vou contemplar suas pernas e marcar seus batimentos cardíacos só para afirmar que a minha pele te nocauteia.
Eu serei a cura para todas as suas enfermidades, o remédio para a suas feridas... Eu irei te curar e te adoecer novamente. Eu vou te mostrar os meus dentes e o medo terrível que ocupa a minha boca, e a tua saliva pura e inocente passará a ser vil e vermelha, como sangue em tuas veias. Eu vou te derrubar no chão e sentir o impacto do seu corpo na madeira, e verei a sua agonia em silêncio por ter se rendido mais uma vez a mim.
Eu ocuparei o lugar de destaque em sua vida, arrancando-lhe as roupas, descabelando-te por inteiro, te vendo derramar gotas grossas de prazer e tristeza. Eu serei o desmanche da sua cama, o motivo da falta completa de consciência, serei a ressaca maldita que te faz acordar.
Por fim, eu serei a tua navalha na carne, o ponto forte da sua loucura, o medo da altura e a redenção aos pecados. Derramarei em ti todas as injurias do mundo, te dando olhos de prostituta e coração de aço: sem paixão, sem amor, sem movimento que te mantenha vivo. Te farei máquina morta de pensamentos e individualidade. Te deixarei nu e gozarei de todas as suas verdades, pois eu sou pele morta em navalha, eu sou carne crua que te fere e maltrata, sou o espelho maldito que reflete suas impurezas, que te cospe como um ladrão, que te mente as suas certezas e que te engana como brisa leve de verão.
sábado, 8 de dezembro de 2012
O grito do silêncio.
Encontro-me em uma banheira imersa pela água, sem nada que cubra as minhas verdades. Os meus cabelos pingavam, os olhos injetados pelo vinho barato que acabara de tomar, a fumaça pairava no ar. Como aquele silêncio me fazia bem, demorei longos minutos para perceber que a vitrola tinha parado de tocar, demorei longos meses para abrir a minha boca novamente. Eu relembrei a nossa história, as palavras destorcidas cortadas pela minha língua afiada, as mãos entrelaçadas em público não devendo nada a ninguém, o maldito silêncio que ainda me atormenta.
Quantos foram os sorrisos que eu já não calei, só pra você não perceber o obvio? Apenas minha garganta sabe o peso dos discursos que eu teimo em guardar em mim. Juras de amor, pedidos de perdão, o desejo de você ficar mais cinco minutos... O silêncio em te ver dormindo. Se ao menos você ouvisse o que eu não digo, se ao menos você lesse o seu nome nessas linhas tortas, se ao menos eu soubesse o motivo da sua cala... Se é indiferente ou falta de conhecimento, se é reciproco ou mero passatempo, se é paixão ou um pobre devaneio.
Acontece que aconteceu, eu fui obrigada a sair da inércia, obrigada a secar meus cabelos e a derrubar o vinho em minha camisa branca. A mancha vermelha ficou e a minha angustia também. Eu precisei me cobrir com a toalha, reanimar a vitrola, apagar o cigarro para ver que atrás de tanta fumaça, de tanto silêncio forçado, existia apenas um desejo.... Você.
Quantos foram os sorrisos que eu já não calei, só pra você não perceber o obvio? Apenas minha garganta sabe o peso dos discursos que eu teimo em guardar em mim. Juras de amor, pedidos de perdão, o desejo de você ficar mais cinco minutos... O silêncio em te ver dormindo. Se ao menos você ouvisse o que eu não digo, se ao menos você lesse o seu nome nessas linhas tortas, se ao menos eu soubesse o motivo da sua cala... Se é indiferente ou falta de conhecimento, se é reciproco ou mero passatempo, se é paixão ou um pobre devaneio.
Acontece que aconteceu, eu fui obrigada a sair da inércia, obrigada a secar meus cabelos e a derrubar o vinho em minha camisa branca. A mancha vermelha ficou e a minha angustia também. Eu precisei me cobrir com a toalha, reanimar a vitrola, apagar o cigarro para ver que atrás de tanta fumaça, de tanto silêncio forçado, existia apenas um desejo.... Você.
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