segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Enquanto você dorme.





A frente fria estava chegando mais uma vez, não importa se é inverno ou verão, aonde eu moro o calor e  o frio se cruzam todos os dias. Eu adoro a neblina que fica de manhã na minha janela, o sol por trás dela deixa a minha manhã mais poética e o seu rosto mais livido. É claro que eu só consigo ver essa beldade nascer por que você sempre rouba as cobertas e eu acordo com frio e não consigo mais dormir. Não importo em levantar cedo, gosto de brincar com seus cabelos enquanto você não desperta, gosto de ver seus olhos fechados e sua boca muda, sem querer ofender. Eu tenho uma vontade enorme de acender meu cigarro e gravar essa imagem em minha cabeça: O céu meio azul, meio laranja, a nossa jasmim na janela pronta para ser regada, suas costas nuas protegidas por um fino lençol. O cheiro do meu cigarro te  faria acordar e eu preciso gravar isso em silêncio, como os filmes mudos que você adora inventar falas. Já são quase 6:00 da manhã e eu não me sinto cansada, a noite passada foi um tornado, acendemos um fogo perigoso e ele quase se apagou. Eu não me importo de levantar cedo e dormir tarde, não importo de aturar seu mau-humor, ou seus mistérios que me fazem entrar em desespero, não me importo com seu olhar atento a todos, só me importo com sua pele e com você todo.
 Agora acorde meu amor, mostre teus olhos pra mim, deixe eu sentir seus lábios e ver você se espreguiçando e abrindo os braços pra eu deitar, acorde e deixe seu sono para outro corpo, eu já te vi dormir muito, deixe sua energia para mim também. Acorde, acorde, quero poder colar meus ouvidos em teu peito e marcar seus batimentos cardíacos. Acorde, para eu poder sentir o cheiro da tua nuca e os músculos do teu braço. Agora acorde meu amor, abra os olhos para eu te encontrar e me perder, eu gosto do labirinto, mas amo a sua íris. Você não entende minha urgência, mas entenda, há um incêndio em nossos corações e eu preciso de seus olhos para ter a certeza, acorde para ver o que eu vejo! Acorde, meu amor, antes que nós sejamos queimados em silêncio.

domingo, 16 de setembro de 2012

Tempo.

Aonde quer que você esteja, meu bem
No paraíso, no sítio, ou ainda perambulando pela Terra
Eu espero que você saiba que sempre será meu pai, meu Rubem
E que nossa eterna batalha, jamais virou uma guerra.

Eu espero que você saiba, meu amor
Que não importa se foram em lagos ou praias
Se te rendeu sofrimento, sorrisos ou dor
Que você tenha encontrado com seu pirata.

Navegue no mundo e veja o que aconteceu
Foram tantos caminhos que essa geração percorreu
Herdamos os olhos, o cheiro e o sabor
Carregando no peito esse eterno amor.

Se falo de você não é por vaidade
Não importam os anos, existe sempre a saudade
Que me carrega e me leva até você
Por que no fim nossas linhas sempre vão transcender.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

A água do meu vinho





Se ao menos eu soubesse o que passa em suas taças
Se são amores, rompantes, raiva ou desilusão
Eu apenas queria que meus pés criassem asas
Para assim eu desabar e cravar meu corpo em teu chão.

Se ao menos eu soubesse de onde vem a sua água
Para poder romper e acabar com seus espinhos
Penetrando em teu mundo, vendo sua alma
Afogada em tantos goles de vinho.

Queria eu ter as flores que vejo em seu olhar
Possuir a poeira do seu móvel antigo
Para acompanhar as pegadas do seu calcanhar
E alcançar por um último seu desejado umbigo.

Eu vou podando todos os meus galhos
E desta maneira, águo o nosso vinho
Queria achar alguns atalhos
Para eu poder encontrar o seu caminho.






sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Inocente amor.








 Os seus olhos guardei em um pote
E o seu corpo inteiro está em meu coração
Suas lembranças estão no meu caixote
E eu digo, suas orelhas nunca escutaram o meu Não.

Se te tenho comigo, te levo aonde eu for
Transgredindo dimensões, formando o laço eterno
Que me amarra e me ata ao teu inocente amor
Falando comigo no seu silêncio interno.

Tua vida habita em mim, minha fera felina
E não encontro em canto algum a tua malícia
Eu libero em ti a minha ocitocina
Tentando reviver a tua carícia.

Não tenho medo da morte, mas sim da inexistência
Que perpetua nos seres vivos e carnais
Vejo no seu olhar sua eterna essência
E a promessa de voltar a repousar no meu cais.