terça-feira, 29 de março de 2011

Um pombo.

Mil pombos voavam no céu, era uma nuvem de asas e uma chuva de cartas. Declarações de amor, de dor, de sofrimento e de esperança. Que vista explendida eu tive quando vi o pombo chegar, com as asas abertas esperando por água, por casa, por conforto. Todos queriam ser aqueles pombos, voar livremente, levar palavras, pequenas palavras para pessoas queridas, poder chegar em casa e ter um lugar para descansar.
Nunca vou esquecer daquela imagem, um céu cinza como a alma de quem guerrilha, um céu que era azul, coberto por uma camada passageira de asas e peitos. Aquelas letras, aquela caligrafia, com palavras tão curtas, mas tão ousadas "Quero-te" era o que o bilhete dizia e naquele momento meu coração se encheu de alegria. Algum barulho triste vinha do fundo, não soube identificar...
Acordei, ainda com a sensação confusa e leve de meu sonho, que sonho! Como queria eu viver naquele mundo paralelo, aonde existiam seres livres que voltavam para mim, de um ponto a outro, sempre vindo de encontro a mim. Por que mesmo a realidade não pode ser um sonho?

domingo, 20 de março de 2011

Amor

Se amor é chama que não se apaga
Meu peito é voz que não se cala
Dor que não se cura, cicatriz que marca
Arde em minha pele, deixa cinza
Em tom de despedida.

Se amor é lava que derrete
Que derreta minha boca que tem sede
Sede de vida, de casa, de sabor.
Se amor é fogo que queima
Que queime minha dor que teima em falar.

Que o meu amor seja presente
Embrulhado, enfeitado, nunca ausente
Que seja bem lembrando
Como carnaval passado
Passado, amarrotado, guardado.

E o tempo que é o senhor
Suma com a dor,
Como se fosse voz de uma canção
Faz do sofrimento alegria
Para um dia o hoje, ser só nostalgia.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Lama.

Quando a solidão é tudo que nos resta, o grito do silêncio se torna vibrante, por que não há nada mais forte do que a voz de quem se cala. E o futuro, por que nada é mais turvo do que páginas em branco.
Céus! Eu preciso de uma nova vida, de um novo tempo aonde eu possa me reencontrar e me reinventar, preciso de outros caminhos mais obscuros para eu poder me decidir e finalmente descobrir qual é a lama que me espera.