quarta-feira, 29 de setembro de 2010

B-612

Quero a audácia da rosa
Quero a sabedoria da raposa
Quero a inocência do Príncipe
Quero a incompreensão do aviador
Quero a compulsividade de pores-do-sol
E as grossas raízes de baobas

Quero a cúpula que a protege
E um vulcão para aquece-la
Quero a tristeza de um beberrão
Quero sua falta de memória
Quero as aquarelas do autor
Que mostram o inicio de uma vitória

Eu quero os campos de trigo
Eu quero cativar minha linda flor
Eu quero a secura do deserto
Eu quero aquele mistério
Eu quero o sabor do veneno da cobra
Me livrar dessa carapaça.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Esperarei.

Eu esperei tanto tempo
Aguardei em silêncio
Pra ver o novo dia nascer
Eu era tão descrente
Que nem em mim acreditava
Eu era tão inocente
E eu que fiquei sentada
Vendo a vida passar atordoada

Eu não vejo futuro
Eu não sei o meu rumo
Capa dura, peito de aço
Concreto enfatiza o fracasso
O tempo passa lá fora
Frio, calor, aurora!

Eu não sei pra onde ir
Não quero mais ficar aqui
Vendo o dia nascer feliz
Na miséria da mentira
Com você

È tão triste ver assim
Do lado de fora, como uma atriz
Como alguém que não se importa
Como se ninguém bate-se em minha porta.

sábado, 25 de setembro de 2010

Ensolarado

Todo dia procuro sem cansar
Em cada passo dado
Em cada olhar atravessado
Eu me pergunto:
"Aonde você está?"

Eu percorro novas ruas
Entro em novos prédios
Caminho pelas avenidas
Só para me livrar do tédio
De não te ter aqui.

Bem que podia ser assim
Amor de novela, roteiro de filme
Só pra ser a sua atriz
Derramando lágrimas forçadas
E sorrisos forjados
Só para ter nosso final feliz.

Bem que eu queria
Achar a sombra de uma árvore
No calor dessa trilha
Guiada pelas pedras
Eu vou tropeçando
Sentindo o salgado do mar
E a brisa pesada
Da falta do seu bem-estar.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Relógio quebrado.

Com mais um ponto final
Eu inicio mais uma página
Com mais caracteres e menos eu
Em algum capítulo deste livro
A minha essência se perdeu.

Aonde está a doçura?
Está coberta por amargura
Um bolo de frieza, raiva, angustia
Temperado com um pouco de adrenalina
E memória para se ter nostalgia.

Olhos de vidro são os meus
Tudo vejo, nada sinto
Coração difuso no meu peito
Que tudo sente, mas nunca bate

Reescrevi tantas vezes a minha vida
Que em alguma avenida me deixei pra trás
Sem medo, ou receio
Abri mão da ternura, dos beijos e abraços
Esqueci do relógio, do tempo, do espaço.

Os ponteiros passam ao contrário
Só para eu ver meu passado
Lembrar do que fui e não consigo mais ser
Lembrar que meu cheiro era diferente
Que a minha voz era mais calma
Que eu era tão tola, tão boba...

O que um coração partido não faz
Seja paixão, caso eterno ou briga com os pais
Alguma fagulha saltou e tudo pegou fogo
Queimando meus olhos, minha boca
Queimando meu corpo, minhas roupas
Deixando em cinzas o que eu era.

Licença Creative Commons
Relogio quebrado de Hannah Tobelém é licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs.
Based on a work at alicequeramar.blogspot.com.

domingo, 5 de setembro de 2010

Consumista

Preciso comprar novos sapatos
Estes que me pertencem não calçam mais nos meus pés
Preciso comprar novas blusas
Estas que eu visto não combinam mais comigo
Preciso comprar novos cabelos
Estes que eu tenho enrolam a minha cabeça
Precisa comprar um novo espelho
O que me pertence é tão distorcido
Preciso comprar um novo sorriso
O meu já está amarelo...
Amarelo pela hipocrisia
Amarelo pela falta de alegria
Amarelo pelos cigarros da minha boca

Preciso trocar as lentes do meu óculos
Vejo tudo embaçado
Talvez precise comprar novos olhos...
Preciso comprar um novo corpo
Talvez novos peitos
Que me dêem coragem
Preciso de uma nova carapaça
Uma nova mascara, aonde eu possa me esconder
Preciso acima de tudo de uma nova alma
Que essa que eu tenho se rompeu na metade do caminho
Por medo, carinho ou desafio
Ela se corrompeu assim
Nos atalhos dessa vida se quebrou...
Preciso de uma nova alma
Mais clara, menos minha
Aonde caibam copos, cinzeiros e o céu
Eu preciso comprar uma nova alma...

Licença Creative Commons
Consumista de Hannah Tobelém é licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs.
Based on a work at alicequeramar.blogspot.com.