sábado, 12 de fevereiro de 2011

Mil cores

O amor que nasce de forma prematura
Tem sua vida muito curta
É criado por uma intensa paixão
Que se apaga ao fim de uma ilusão
Doce ilusão!

O que era paraíso se transforma em inferno
E sorrisos sinceros em peito dilacerado
O começo que prometia tanto futuro
Cai em um fim iminente sem cor ou gosto

Então, o que era alegria acaba em desgosto
Harmonia que antes era bem-vinda
Passa pela porta sem dizer adeus
Santo Deus, afaste de mim esse cálice!

Nesse vai e vem de dores e amores
Me torno reu confesso
De uma vida de calor e combustão
As vezes mil cores, as vezes solidão.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Delta

Ele tinha seus braços e pernas grudados nela, era olhos nos olhos como se uma vida inteira estivesse sendo contada. Era uma alma de vidro, frágil e transparente, muito fácil de ser assaltada. Ele odiava ver o fogo lambendo a sanidade dela, odiava seu barulho alto e seus escândalos na rua. Ele tinha sua boca e seus dentes pregados nela, como se estivesse preso a uma cruz. Era o sofrimento que o mantinha preso, eram seus membros cansados e torturados que tinham medo de se mover. Ela era a própria luz e escuridão, a mistura de todos os animais, olhos de serpente, fúria de leão e o mistério de uma coruja. Ele tinha seu coração e amor devotos a ela, era quase um religioso que idolatrava seu Deus.
E ele a olhava nos olhos, como se pudesse descobrir a origem do universo através deles, eles se agarravam como se fossem se separar a qualquer segundo e se sugavam e se massacravam tudo para poder dizer que estavam juntos.
Ele tinha seu corpo e alma grudados nela, ele tinha suas pequenas esperanças amarradas na teia dela. Ele tinha olhos e olhares perdidos na alma dela.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Com tanto amor.

"E agora que as luzem se apagaram e a festa acabou? O que eu faço com esse amor que banha nossa cama como sangue, o que faço eu das janelas do quarto e das vistas que dividimos? O que faço eu com as dividas de amor eterno e com a saudade de seu sorriso tão terno?
Só me restam fotografias e imagens turvas do que um dia fomos e não somos mais. O sol que nos abençoava toda a manhã refletindo seu rosto junto ao meu me castiga com a solidão de acordar sozinha.
Deus, o que faço com esses olhares que teimam em perambular por minha cabeça, trazendo á tona todas essas lágrimas? O que resta de mim se não saudades e vagas lembranças da nossa paixão prematura? Tua voz que era tão presente e grossa, é tão transparente agora, não perturba mais meus ouvidos cansados. Devolva-me seus barulhos, sua bagunça, suas roupas amarrotadas. Devolva-me seus cabelos desgrenhados, suas unhas mal cortadas e seu sorriso canastra. Devolva todos seus pecados, desejos e defeitos, eu aguento tudo por você. E agora, sem adeus, sem apertos de mãos, ou promessa de um novo retorno. Agora essa sou eu sem você, sem festas ao amanhecer com você ao meu lado, sem guerras de caricias ou a paixão quente em minhas veias. Sou apenas metade de amor, de lembrança, sou metade de uma vida. Mas sou inteira na minha tristeza e saudade."
Lydia contemplava o caixão do seu jovem marido " Aqui jaz muita vida e amargura", secando uma das lágrimas, Lydia aperta forte a flor contra o peito e a joga em cima do caixão do falecido. "Deixo contigo minha alma, meu corpo vai em breve."

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Deus me ajude.

O problema do homem é que para tudo ele recorre a Deus e suas fileiras de santos, e olha que existe santo para tudo. Quando estamos no vale da onda, na pior fase da nossa vida, a maioria apenas reza, olha para o nada em busca de alguém superior, com mais poder sobre sua vida do que si mesmo e pergunta, quase ordenando "Por que eu? Me livra de todo mal", nessa hora lembramos da religião, mas quando estamos plantando nosso futuro com bastante discórdia e poluição esquecemos de rogar a qualquer tipo de Deus. Esquecemos todos os nossos feitos, o que fizemos para chegar aonde estamos e o que podemos fazer para sair. É como se víssemos a placa de "Saída de emergência" na escuridão do cinema, mas trancamos a porta e a solução óbvia fica penosa demais para alguém arriscar. Afirmamos com tudo isso o nosso egoísmo, nossa particularidade que não nos deixa enxerga a situação de outros, que pode ser igual ou muito pior do que a nossa.
Então fazemos mil promessas, corte de doces, de gordura, um comportamento melhor, vejam que absurdo! Prometem para uma divindade, mas nunca para si, como se aceitássemos que a vida é um teatro de Deus!
A miséria do ser humano não se consiste apenas em fome ou frio, mas no individualismo, na solidão, na amargura que deveria ser curada, mas é como álcool para um viciado, sempre alimenta uma pobre alma. E será que não somos isso, pobres almas como brinquedos velhos que alguém esqueceu em um canto? Ou somos cegos admirando um espelho?