quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Felicidade ilusória

É tão fácil quando fazemos uma pergunta que a resposta é óbvia demais, o que torna complicado é quando o óbvio não é aquilo que realmente desejamos. É triste ver uma pessoa infeliz, mesmo quando estamos felizes, um relacionamento por exemplo, nem sempre ambas as partes estão satisfeitas e sempre tem aquela pergunta "eu te faço feliz?", então o lado que está incompleto abre aquele sorriso e diz "Por que não estaria?" e o outro extremo abre um igual sorriso completo na sua ilusão, é difícil admitir a verdade...
A verdade é uma prostituta, sempre muito bonita, abre seus belos lábios e logo ficamos enfeitiçados por sua bela falsidade, será que a verdade um dia existiu? É muito mais fácil e nocivo acreditarmos que está tudo bem, quando na realidade somos ratos na roda, que sem saída ou solução, ficamos girando, girando e girando na mesma circunstância débil e monótona. Não encontramos saída, até nos acostumarmos ou entendermos. A felicidade é ilusória e assim como a desejada verdade, uma puta. É vendida por prazer, para satisfazer, mesmo sabendo que quando o programa acabar, tudo voltará para o escuro. Somos pombos seguindo trilhas de migalhas de pão, nós sempre nos contentamos com as migalhas. Pedaços de amor, pedaços de amizade, pedaços de pessoa, sempre migalhas atiradas ao chão que contemplamos e devoramos como famintos.
A felicidade, assim como tudo, você pode incluir o que quiser nesse tudo, é ilusória e somos muito felizes com isso, até descobrimos que tudo não passa de uma farsa...

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O ser humano e seus instintos.

Imagine um mímico, agora coloquem nessa mesma imagem uma caixa invisível, aonde você pode ver tudo, todos podem te ver, mas você não pode sair, mesmo ela não existindo, isso meus caros, é a monogamia. Longe de mim, achar que a monogamia é um veneno ou que é errada, quem sou eu para criticar os princípios ou estilo de alguém, acho bonito, mas de maneira nenhuma confiável. Como se pode confiar em seu parceiro se não se pode ter outras experiências? Será um ato carnal ou instintivo, traição? E a falta de amor, de respeito, também não seria traição? Talvez estejamos confundindo fidelidade com lealdade, mas o que são mesmo estes dois princípios? Fico me perguntando se somos máquinas da sociedade, marionetes de um sistema que nos empurra seus ideais não nos deixando refletir e adquirir nossos próprios princípios.
É tá triste essa falta de confiança que a monogamia impõe, como poderemos saber se somos realmente felizes, como poderemos valorizar o amor se estamos presos a correntes imaginarias? É tão complexo, e tão simples! Fico pensando na real natureza humana, pois um dia existiu! Mas será que a perdemos por completo? Vejam a natureza, como é um exemplo de vida, existem animais que são poligamicos, assim como existem os monogamicos, mas isso faz parte da natureza deles, qual será a nossa natureza? Creio que os limites e ideias de uma sociedade acabaram com o homem animal, acho que nunca saberei qual é a minha verdadeira natureza, assim como a sua. Qual será a vida de nossa espécie, será que somos monogamicos, caçadores, vegetarianos? Creio que isso não importa mais, pois o homem se modificou por completo, a nossa especie é bem mesquinha, não seria diferente no amor...
Ah sim, somos muito egoístas, vejam as matas destruídas, queimadas... Os animais sem lar, sendo torturados, usados como cobaias, vejam o próprio ser humano que mata outro sem motivo, não creio que a sociedade tenha sido uma real evolução. Já viu algum animal evoluído acabar com seu planeta? Ah, eu nunca vi! Nós até inventamos o amor, ou descobrimos nunca saberei a verdade. Por que eu só poderei amar uma única pessoa dentro de um relacionamento, não seria egoísmo já que existem milhares de outras pessoas implorando por afeto e carinho? Talvez eu esteja completamente errada, até mesmo cega, por essa minha fome de odiar a sociedade. Nunca saberemos a verdade sobre o ser humano, essa é a parte mais triste de ser a espécie mais evoluída, somos uma espécie destrutiva, não somos mais naturais....

Teia.

Cristiana era uma mulher forte, estava na casa dos trinta e no auge de sua beleza, não era casada, mas amava de todo o coração seu namorido Raimundo. Estavam juntos desde o começo da faculdade e mesmo sendo tão diferentes conseguiam se amar mais a cada dia que passava. Desde o começo, o relacionamento só teve um único problema, o ponto de vista poligamico de Raimundo, sempre muito mulherengo e galanteador, Raimundo era conhecido por sua lábia sedutora e por conseguir todas as garotas que paquerava. Até mesmo no ensino médio com algumas espinhas na cara, o rapaz conseguia conquistar quem quer que fosse, desde a princesa do colégio, até a mãe quarentona do melhor amigo. O grande problema, era que Cristiana era conservadora e até mesmo um pouco tola, acreditava cegamente no amor dos cinemas, na tradição da cultura e não abria caminho para o novo. Desde o primeiro dia que conheceu seu amado namorido, Cristiana tinha certeza de que iria o amar para o resto de sua longa e infeliz vida.
Como o tempo passa rápido! Os jovens adultos cheios de sonhos cresceram e os sonhos projetados começam a se tornar realidade, com uma vida financeira estável e uma casa grande com um carro usado na garagem a vida era só flores, até agora.
- Eu não acredito que você fez isso comigo, foram dez anos jogados na privada imunda de um boteco, como você pôde? Tantos anos de dedicação, de amor, de carinho, Deus! Quantas vezes eu me esqueci por você? Quantas vezes deixei minhas vontades para atender seus caprichos mimados e você me retribui com isso?- Cristiana estava sentada na ponta da cama, com uma mão segurava o cigarro na outra contemplava a camisa branca com uma bela marca de boca pintada de rosa.
-Meu amor, quantas vezes eu tenho que te dizer, isso não significou nada, você sabe que é você quem eu amo, eu quero você para ficar do meu lado para sempre. Elas não significam nada, não existe maior prova de confiança do que isso?- Raimundo estava parado na porta do quarto calmo como sempre, tranquilidade que irritava qualquer um em uma bela discussão.
- Você ainda tem coragem de dizer que isso é uma prova confiança? Durante anos eu fechei meus olhos para sua traições, para suas bebedeiras, mas agora todos os limites foram ultrapassados, você acha que eu sou o que? Um troféu, uma jóia cara, que você sabe que ta sempre ali para você apreciar e mostrar para os amigos, mas que nunca dá atenção ou o devido valor! Eu cansei Raimundo, não nasci para isso, para ser a mal amada, desprezada por quem mais amo, você é um canalha e eu sou uma idiota!- Cristiana aos berros, bate a porta e vai para sala, quebra o porta retrato com a foto mais bela do casal, existia uma rachadura entre eles, no coração da pobre moça e agora no suporte da foto.
- Você sempre soube que eu era poligamico, desde o primeiro dia que nos conhecemos, você sabia disso! Você fechou os olhos por que quis, por que eu nunca te impedi de também ter suas aventuras, você diz tanto sobre confiança, sobre lealdade, mas como podemos provar isso para o outro se não somos livres? De todas as mulheres que eu dormi, era para você que eu sempre voltava e não por obrigação, como um desses casais cansados um do outro, eu sempre voltei por que eu sempre te amei. Confiança, lealdade, são valores muito fortes para serem medidos com um simples ato carnal, traição seria se eu não te amasse mais e mesmo assim continuasse com você, por pena ou comodidade e isso meu bem, eu nunca fiz. Eu sou livre e você também, existe prova maior de confiança do que a liberdade? Será mesmo que você sempre me amou, ou só amou uma projeção de mim? Você é feliz com a sua ilusão e eu não sou ninguém para tirar sua felicidade, mas eu não posso me modificar por causa disso. Eu sinto muito, mas eu acredito que quem não tem confiança aqui é você, eu sempre te amei querida e eu sinto muito por você não entender isso.- Raimundo pegou sua pasta de trabalho, deu meia volta e se virou para rua, aquele fora o último dia que se viram. Ambos estão felizes agora, com filhos e casados, Cristiana finalmente encontrou alguém igualzinho a ela e Raimundo continuava a se aventurar como antes, sua esposa era tão feliz na ilusão. Afinal, quem somos nós para tirar a felicidade de alguém? Somos meros mortais esperando a morte chegar.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Feliz aniversário

Felicidades! Hoje faz mais um ano
Está mais velho, na lembrança apenas cinzas
Que ardem e pegam fogo em todo aniversário
Ah felicidades...

Fez da morte sua casa
Da desgraça sua alegria
De lagrimas sinceras, uma sintonfia
De choros e amarguras, uma bela vida.

Viveu por tantos anos
Mas morreu por muito mais
Se no plano encontra magoas
No ceu nao descansará jamais.

É seu aniversário, vamos comemorar!
Filhos, mulheres e amigos
Aqui não encontrará
Fez da sua vida um jardim
Plantou muita tristeza
E só colheu solidão...

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Véu

Daniela e Carolina eram duas criaturas fantásticas, nasceram no mesmo dia, na mesma maternidade. Cresceram juntas, dividiram sorrisos, olhares e segredos. Duas meninas tão parecidas e tão distintas, conheciam-se há vinte anos e não tinham uma única caracteristica igual.
Como Daniela era boazinha, sempre tirou boas notas, obedecia os pais, arranjava namorados que a adoravam, a respeitavam e davam valor, não tinham o que reclamar dessa menina, era a filha que pediram a Deus. Se pudessem dar nome a bondade se chamaria Daniela, ninguém nunca viu menina mais doce, ajudava os idosos, cuidava das crianças do bairro quando as mães precisavam ir trabalhar, ela vivia de dia, de noite era apenas dos livros e da cama.
Carolina era seu extremo, o oposto, sempre tirou notas altas, mas por seduzir os professores, era uma típica ninfeta, uma mulher no corpo de uma criança. Já pequena chamava a atenção, seus olhos despercebidos e ingenuos eram a luz para os homens. Nunca deu muito valor aos pais, já que jogou no lixo a boa educação que a deram. Não era religiosa, detestava domingo familiar e mal dormia, gostava mesmo era de viver a vida por completo. Usava o sexo por prazer e descobrimento, as vezes para poder se safar de algumas encrencas. Amor ela não conhecia, plantava nos homens fixação por ela e a partir disso conseguia o que queria. Era uma manipuladora e sempre conseguiu tudo o que queria.
Ninguém nunca entendeu como duas pessoas tão diferentes podiam ser amigas, nem a própria Lurdes que via de perto, como uma terceira pessoa, entendia a cumplicidade das duas almas. Elas se completavam, como se uma precisasse da outra para existir. É incrível como um corpo pode abrigar duas almas ao mesmo tempo, Lurdes que te conte.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Dama do dia

Desejo, era a única palavra que Grabielle conseguia pensar, as lembranças da noite passada atormentavam-lhe a cabeça como a conta de luz atrasada. Estava seguindo sua miserável rotina quando se recordará do (in)feliz acontecimento, ela não sabe explicar por que tem esses flashes, provavelmente a cor negra do café a fez lembrar de um passado igualmente cego.
-Dúvido que você tenha visto um nascer-do-sol tão bonito quanto esse, a paisagem também ajuda, o verde das árvores, o cheiro do mar, isso não é ingênuo?- Gabrielle estava radiante mesmo com o rosto passado e a maquiagem esgotada continuava sendo deslumbrante, seu sorriso conquistador era mais perigoso do que os olhos de serpente que estavam (mal) pintados.- Desculpa, eu estou aqui falando sem parar e nem perguntei seu nome, como se chama?
-Não te interessa, você sempre aborda as pessoas assim? Invadindo seu espaço, interferindo o silêncio alheio?
-Tudo bem, um nome não importa mesmo, o meu é Gabrielle, mas pode me chamar de Maria, Clara, Luisinha. Você tem razão o nome não interessa mesmo, por que hoje em dia as pessoas só querem saber de nomes e esquecem de se conhecer, não é mesmo? É tão triste isso, casais ficam juntos durante anos e nem sabem dizer o que se passa no olho um do outro. São completos estranhos que reconhecem nomes. Vou reformular, minha pergunta, quem é você?
Em um impulso violento, o rapaz sem nome beija Gabrielle, como se fosse o ultimo beijo da sua vida, como se fosse a ultima vez que sentisse o corpo de uma mulher contra o seu. Parados olhando um para o outro, o estranho fixa o olhar no sol, seria a ultima vez que via um sol nascer tão belo.
- Obrigada, me sinto vivo agora. Adeus.
Como num despertar da consciencia Gabrielle folheia o jornal, primeira pagina: Homem mata esposa e se mata depois". Não era o café que a tinha feito relembrar o passado e sim a foto do desconhecido que a beijara em pleno nascer do dia.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Fragmento

Já não sei o que se passa em mim
Devaneios, cores, olhares
Marcas de um triste fim
Se no meu peito guardo tanta magoa
No rosto carrego um belo sorriso
Pois sorrindo assim
Todo mundo irá supor que sou feliz.

O inicio é apenas fruto
O meio apenas tédio
De que será feito o final?
De grandes silêncios e algumas lágrimas?

Como dói ter mil céus e nenhuma estrela
É como um Sol sem calor e apelo
Como uma Lua sem seu brilho no escuro
Mas oras, sem Sol não existe Lua!
E sem o teu amor querido, não existe nada...

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Desejo e solidão

A muralha que eu construi
repleta de dores e rancores
há uma janela em meu peito
coberta por grades e anseios
que não me deixam ver.

Um quadro tão belo
pintado por olhos cegos
Mais lúcidos que minha vista
O preto e branco da vida
Guia o errado, é assim que ele caminha.

De tantos amores eu vive
há na lembrança apenas dores
Passageiras que nunca passam
Eu vejo um espelho com o meu passado

Passos marcados os meus
que não me deixam seguir
Vejo bem longe um horizonte
ou apenas uma miragem para me iludir.

Quero mais olhos, olhares
Quero mais braços, camaradagem
Quero mais lágrimas, sinceras
Acima de tudo quero mais vida, descoberta.