sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Nossos umbigos tão egoístas.



Eu queria plantar nos nossos umbigos uma cria de felicidade e simplicidade, eu iria regar com suas gotas essa minha muda tão calada. Eu iria prende-la com sua terra e usar seu olhar como adubo, por que não há nada mais divino do que a prisão dos seus olhos. Ela iria crescer verde e fazer dos nossos umbigos seu prato de flores e porto-seguro, mas nossos umbigos são tão egoístas, nós não permitimos que nada cresça neles e deixamos o natural no canteiro da rua. É assim que nossa muda tão calada cresce, sempre aos olhos de outros, nunca na nossa frente. Uma vez eu fui na esquina aonde a deixamos e ela já estava grande, colhi alguns frutos, uns eram doces, outros amargos, era a mistura de nossos sabores.
 Depois de ter visto a natureza fazer seu papel fora de mim, eu percebi que estou presa nessa grande caixa que é meu coração, se o errado vem eu digo sim, se o certo vem eu digo não. O que o meu umbigo teme é a mesma coisa que o seu: Que seja apenas um arbusto, sem frutos, nem cor. O meu problema é que eu adoro o verde e fico fascinada quando o encontro em você e o amarelo do sol já não me cega mais, nem o vento frio corta a carne.
Eu sei que em algum lugar, em algum umbigo menos egoísta e medroso ou em algum canteiro mal cuidado, o nosso arbusto ou arvore cresceu e agora da sombra para quem sofre com o calor, como eu. Nosso arbusto de sonhos cresceu e se escondeu da gente.

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