sábado, 8 de dezembro de 2012

O grito do silêncio.

Encontro-me em uma banheira imersa pela água, sem nada que cubra as minhas verdades. Os meus cabelos pingavam, os olhos injetados pelo vinho barato que acabara de tomar, a fumaça pairava no ar. Como aquele silêncio me fazia bem, demorei longos minutos para perceber que a vitrola tinha parado de tocar, demorei longos meses para abrir a minha boca novamente. Eu relembrei a nossa história, as palavras destorcidas cortadas pela minha língua afiada, as mãos entrelaçadas em público não devendo nada a ninguém, o maldito silêncio que ainda me atormenta.
 Quantos foram os sorrisos que eu já não calei, só pra você não perceber o obvio? Apenas minha garganta sabe o peso dos discursos que eu teimo em guardar em mim. Juras de amor, pedidos de perdão, o desejo de você ficar mais cinco minutos... O silêncio em te ver dormindo. Se ao menos você ouvisse o que eu não digo, se ao menos você lesse o seu nome nessas linhas tortas, se ao menos eu soubesse o motivo da sua cala... Se é indiferente ou falta de conhecimento, se é reciproco ou mero passatempo, se é paixão ou um pobre devaneio.
Acontece que aconteceu, eu fui obrigada a sair da inércia, obrigada a secar meus cabelos e a derrubar o vinho em minha camisa branca. A mancha vermelha ficou e a minha angustia também. Eu precisei me cobrir com a toalha, reanimar a vitrola, apagar o cigarro para ver que atrás de tanta fumaça, de tanto silêncio forçado, existia apenas um desejo.... Você.

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