quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Pó do mesmo saco.

Deveria ser um anjo, mas na verdade era o diabo em pessoa. Cheio de vícios, rancores e trabalhos inacabados, Rubem se torna uma pedra. Deveria ser calmo e compreensivo, deveria amar e cuidar, mas como uma rocha ele apenas sente o salpicar do vento frio no seu corpo e não se mexe com medo de não poder voltar ao seu lugar de origem.
Cresceu tendo o mundo aos seus pés, suas vontades eram ordens e seus desejos sempre atendidos. Mimado e sempre incompreendido o pobre menino, se torna um porco quando homem. Sem se importar com as pessoas ao seu redor, nem as que estão longe, pisa e massacra todos pelo simples prazer de ver sofrer. De personalidade bipolar e depressiva, Rubem joga migalhas aos famintos e pérolas aos porcos, por que na verdade nada o impressiona. Nem o choro da primogénita, ou o socorro da caçula.
Rubem, cheio de duvidas, uma pessoa desprezível, mas um profissional sem igual, morreu sem saber que é o senhor dos sonhos de sua menina. Pó do mesmo saco, a ingenua criança que já carregava uma cruz no ventre, cresceu sem nunca saber quem realmente foi o pai. Se foi um vilão, ou um anti-herói. Ele mais uma vez era rei de sonhos e pesadelos, era o senhor da utopia, pobre bastardo.
Morrera, sozinho e frio, sem apelos de amor ou um palavra de carinho. Morrera, por que queria se entregar ao infinito, esquecer quem era e com isso apagar dos erros cometidos. Seus olhos eram a própria depressão, como espelhos da alma. Não se pode calar a alma, sem antes fechar os olhos. Ironia do destino, morreu de olhos bem abertos, vendo tudo o que tinha feito ao longo da sua vida miserável. Abortou a própria vida já velho, fez o que sua mãe deveria ter feito, enquanto o alimentava no seu doce ventre.

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