sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Ghost.



As memorias, fotografias e risadas encontram-se mortas agora, cinzas como pó. O navio fantasma ancora e me esmaga contra as paredes, meu fraco peito envelhecido relembra mais uma vez o brilho furioso de seus olhos tão calmos. Eu sinto a brisa refrescar, enquanto que o sol queima minha pele. Por que todas as recordações são tão difíceis de serem esquecidas?
Eu questiono o meu passado tentando juntar as peças que faltam, as vezes eu esqueço de alguns detalhes. E esse navio fantasma que me visita com tanta frequência, onde estão as suas cores? Eu não vejo o seu capitão, tripulação ou passageiros, aonde está o furo? O navio fantasma nunca afundou, esteve escondido em algumas ondas, usando a neblina para se camuflar. Mas o sol sempre aparece, o verão, ele sempre traz consigo a maldita claridade que me cega. Meu navio fantasma, quantos corpos já enterrei? Estão com você todas as pessoas deixadas para trás? Meu navio fantasma anda tão sujo, abandonado. Creio que o esqueci com o passar do tempo. E eu sinto de novo a falsa sensação de sentir alguma coisa, a falsa impressão de ter sido alguém, a falsa ilusão de ter vivido.
Meu navio esteve durante tanto tempo esquecido, vagando pelas gavetas da displicência. Mas agora, como se nada fosse mais importante do que me assombrar, ele atraca em meu peito. Eu não posso deixar que ele me drene tanto, eu contemplo pela ultima vez sua carcaça enferrujada e sigo o ritual esperado: Puxo sua ancora e prendo suas correntes, está na hora de desaparecer novamente, meu bem.

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