quarta-feira, 3 de março de 2010

"Alô, é você?"

O telefone toca, eu saio correndo encharcada, estava no chuveiro, enrolo uma toalha no corpo fazendo o chão virar uma pista de patinação. "Alô, é você?", um sorriso escapa do meu rosto, sinto meu coração pular, a esperança retorna e eu acho que é você me procurando. "Posso falar com a Maria?", uma voz fria do outro lado da linha me pergunta sobre uma pessoa desconhecida, "Desculpe, não tem ninguém aqui com esse nome", desligo o telefone e volto para o meu banho, calmamente eu tiro as impurezas do meu corpo, tarefa que deixei para trás quando fui te atender. Eu me lavo toda, fico limpa novamente, visto uma roupa igualmente limpa e penteio meus cabelos molhados, a sensação de solidão nunca me fora tão forte.
Estava frio e chovia muito lá fora, eu ainda estava quente por causa da água com temperatura elevada, ligo a televisão, nada construtivo passando, o jornal continua mostrando todas as noticias ruins e a novela continua com o mesmo faz de conta, preparo minha janta, como em silêncio, não existe ninguém com quem possa conversar. Termino minha refeição, lavo a minha louça, escovo os meus dentes e vou dormir coberta com um edredon grosso. "Boa noite", ninguém responde, não existe ninguém para retribuir, ou para me dar um beijo ou me desejar bons sonhos. Como eu queria ser a Maria, pelo menos existe alguém procurando por ela e com certeza, ela está menos solitária do que eu.

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Alô, é você? de Hannah Tobelém é licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs.
Based on a work at alicequeramar.blogspot.com.

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