segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Relógio quebrado.

Com mais um ponto final
Eu inicio mais uma página
Com mais caracteres e menos eu
Em algum capítulo deste livro
A minha essência se perdeu.

Aonde está a doçura?
Está coberta por amargura
Um bolo de frieza, raiva, angustia
Temperado com um pouco de adrenalina
E memória para se ter nostalgia.

Olhos de vidro são os meus
Tudo vejo, nada sinto
Coração difuso no meu peito
Que tudo sente, mas nunca bate

Reescrevi tantas vezes a minha vida
Que em alguma avenida me deixei pra trás
Sem medo, ou receio
Abri mão da ternura, dos beijos e abraços
Esqueci do relógio, do tempo, do espaço.

Os ponteiros passam ao contrário
Só para eu ver meu passado
Lembrar do que fui e não consigo mais ser
Lembrar que meu cheiro era diferente
Que a minha voz era mais calma
Que eu era tão tola, tão boba...

O que um coração partido não faz
Seja paixão, caso eterno ou briga com os pais
Alguma fagulha saltou e tudo pegou fogo
Queimando meus olhos, minha boca
Queimando meu corpo, minhas roupas
Deixando em cinzas o que eu era.

Licença Creative Commons
Relogio quebrado de Hannah Tobelém é licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs.
Based on a work at alicequeramar.blogspot.com.

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