sexta-feira, 24 de junho de 2011

Próximo.

Era o tipo de beleza que te fazia pedir perdão pelos pecados cometidos, bastava um fio de cabelo para prender a eternidade, bastava um olhar e tudo estava acabado. O amor. A vida. O destino. Eram apenas navalhas que cortavam o ar, eram corpos nus completamente cobertos pela hipocrisia do ser e do sentir. E o que seria o amor senão uma grande ilusão de óptica, que te massacra e te remenda até você não ter mais fôlego para respirar. Então, somos forçados a engolir uma realidade que não existe criando expectativas em cima de mentiras, doces mentiras. O penar de um pensamento indeciso é o reflexo de uma busca sem fim por paixão, prazer e dor.
O ciclo biológico nos mostra como a vida se renova e desta maneira fazemos novos caminhos, menos ousados e mais bandidos, deixando cicatrizes, lava e cinza por onde passamos. O que seriam meus passos senão marcas em areia seca que se desmancham com um novo vento, o que seria minha boca seca senão o desejo de se unir a lábios ressecados, o que seria da cura sem o câncer. O que seria do amor sem sua desilusão.

Um comentário:

  1. Poética manifestação da insuficiência do Ser de reter o Amor sob a ótica da realidade almejada. A voz poética dói em seu circuito de percepção de sentidos que se frustram em busca do seu objeto em essência pura e, a subjeção a uma alternativa supostamente conformada que encontra como recurso justificável. O fotograma do que a era do descartável está fazendo com a humanidade.
    Crítico. Profundo.

    Andrea Lizarb.

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