segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Olhe para o céu.


O relógio marcava oito horas de uma manhã cinzenta e nebulosa, seus olhos meio chorosos me encaravam e sua mão tremula segurava na minha com força e medo. Fiquei horas te contemplando, olhando o preto de sua iris, acarinhando sua cabeça, tocando nas orelhas, desfilando pelo nariz, sentirei falta de seus traços. Suas piscadas ficavam cada vez mais lentas e sua respiração diminuía com as horas, vou sentir falta da sua delicadeza. Seu corpo já estava tão magro e seus passos tão receosos, como não vi seus sinais? Lembro-me da sua última expressão, era tão calma como se soubesse o que ia acontecer, consegui ver em seus olhos todas as nossas cenas juntas, vi sua alma e tudo mais que restava de você. Veja meu bem, abra o olho, existe um mundo todo te esperando. Olhe para o céu, quantas esperanças não existem penduradas para você... Olhe para o céu... Olhe para o céu... Olhe para o céu!
Assisti a seus últimos suspiros e o seu fechar de olhos, paro por alguns segundos e registro esse momento em minha cabeça: Seu corpo fraco na cama, sua mão colada na minha, o rosto molhado de dor, sua vida esvaída. Olho para a janela, um dia inteiro se passou, as pessoas estão indo para suas casas, as crianças saindo das ruas, os cachorros calando os latinos.... Veja meu amor, você já se foi e o sol acabou de se pôr.

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