domingo, 22 de maio de 2011

Tempo-retrato

Já não podia mais te contemplar, sua pele e seus pelos me olhavam, imploravam para um toque. Já não bastava te contemplar, era necessário adorar, tocar, beijar e unir a pessoa a um só corpo. Não queria te contemplar, pois sempre que via seus olhos grudados a mim eu lembrava que estava preso a outra. Não sei se procurava sinais apenas me observando, por mais que nossos olhares se prendessem como se fossem condenados, não mostrava o calor que sinto da sua pele.
Então, eu vejo você me contemplando, me olhando como eu te olho, me desejando com o meu desejo. Percebo que ambos nos contemplamos como quadros pregados na parede em frente. Uma obra de arte pintada em cores vivas e lúcidas. Um tempo-retrato mostrando o que fomos em vida.

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