quarta-feira, 11 de maio de 2011

Tereza

Uma música de cabaré tocava ao fundo, Vicente nunca soubera qual era a língua cantada, sempre ficava hipnotizado pelo corpo de sua amada Tereza. Em cima da cama bagunçada, provas da noite passada, a doce ninfeta fumava seu cigarro, o cheiro forte de fumaça e vicio invadia o quarto como uma virgem na sua primeira noite de amor. Trinta anos de diferença, aos quarenta e cinco o grande pintor Vicente se apaixonara perdidamente por uma menininha. A grande distancia entre as idades assustava qualquer um, menos a diabólica Tereza. Digo diabólica por que só o diabo pode condenar o coração de um homem como aquela adolescente sem pudor e cheia de fantasia fez. Seu sorriso cheio de dentes e seus olhos cheios de segredos encantavam qualquer passante.
A malícia na ponta dos dedos e o enrolar dos cabelos diziam claramente o que ela pretendia, prende-lo. Se sua boca sorria, seus olhos falavam "Quanta ousadia". Era rotina se recolher toda noite no quarto da probrezinha, sempre desnuda e pronta para ele, o grande artista memorizava e imortalizada a imagem daquela pequena, "minhas armas de trabalho imortalizam o seu tempo" era apenas o que ele falava.
Que relação estranha que os dois tinham, parecia cena de filme mudo, aonde só os olhares e dentes conversavam, conversas que duravam horas até o dia amanhecer. Todas as noites antes de voltar para a casa o rapaz a escutava dizer "Hora de acordar" e todos os dias abria os olhos e voltava pra realidade do lar.

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