terça-feira, 4 de outubro de 2011

Porco.

Eu sinto saudade do cheiro e das flores, sinto saudade principalmente do perfume que saem delas. Eu sinto pena das arvores secas e das raízes grossas que te prendem no mesmo lugar débil e monótono. O verde que cresce no tronco morto, não é vida, é morte mesmo que seja bonita. Tente olhar para o céu, o que você encontra? Nuvens cinzas e pretas te rodeando, como se fosse um ritual de passagem: Homem para porco.
Porco, foi o que o homem se tornou. Porco, sujo e lazarento, contínuo e lamacento. Eu vejo pérolas ao seu redor, mas quem atiraria pérolas aos porcos? Quem daria um tesouro para um humano-animal?
E a tempestade caí, deixando as nuvens mais irritadas e dançando mais rápido. A passagem está quase no fim, homem para porco, porco para homem. Não há tanto diferença nos dois seres, ambos são animais, um é submetido a sujeira e ao resto, o outro se submete. Enquanto um bebeu leite azedo, o outro deixou azedar. E o azedume tomou conta do peito, das mãos, dos olhos e do cérebro.
O homem come o porco, mas o porco nunca comeu o homem. Assim como já comeu vaca, gato, cachorro, outro homem e lixo. Se ele tem tudo isso dentro de si que se torne um porco logo.
E o céu se abre, era difícil enxergar o seu azul já que a mata era fechada. Mas era apenas o rosa que precisava aparecer, o fucinho, o rabo. Eu já não sabia mais diferenciar homens e porcos, nem saberia dizer se o homem algum dia existiu.

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