quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O fantástico mundo do Zé ninguém.




João e Maria eram casados tinha muito pouco tempo e logo a moça engravidou, não tinham pão pra comer e a vestimenta também era pouca. A casinha de pau-a-pique tinham um único comodo e era tão apertado que ou todo mundo saia, ou ficavam unidos, preferiram a segunda opção.
Maria pariu um menino magrinho, fraquinho, doentinho. Era José seu nome e sua principal função era levar a alegria para os pais. Quando pequeno era chamado de Zezinho "Zezinho, tira o pé da boca", "Zezinho não foge do banho". Era um tal de zezinho pra cá e zezinho pra lá, as outras crianças do bairro não entendiam porque o menino era tão amado, faltava dinheiro, faltava comida, faltava roupa limpa, faltava até cabelo na cabeça do João, mas nada impedia o sorriso nascer.
Zezinho não frequentou os melhores colégios e passou longe de ser um gênio, com a situação financeira dos seus pais logo teve que trabalhar e os estudos ficaram de lado. Aprendeu na rua coisas que professor nenhum podia ensinar e entendeu conforme o tempo passava que a vida por si só era uma filosofia brilhante: Para colher, é preciso plantar. Zezinho cresceu, virou um homem e se tornou um Zé ninguém, já com seus vinte e poucos anos faltavam alguns dentes e as costelas apareciam, conseguiu um trabalho na maior fazenda da cidade, era um dos melhores trabalhadores. Voltava sempre com a boca sem dente sorrindo e pensando em como era sortudo por tudo o que tinha, mesmo sabendo que isso era considerado nada para seus patrões.
Zé ninguém se apaixonou por Joana Alguém, a filha do seu patrão, um romance proibido e cheio de magia, desses do fundo do sertão aonde o mocinho tem que brigar pelo amor da sua vida. Joana resolveu casar por que estava grávida de Zé ninguém, mas era tão engraçado como se sentia feliz, era um calor que nunca antes tinha sentido no peito. Joana foi abandonada pelos pais, trocou o sobrenome e virou Joana ninguém. Concluiu ao fim de tudo, que era mais importante ter uma família, comida (mesmo que não seja a melhor) e amor, do que dinheiro e liberdade nenhuma.
É, Zé ninguém descobriu no final da vida toda sua importância. A liberdade não está em poder fazer tudo o que quer, mas amar tudo o que se faz. Liberdade é amor. Contou isso para seus três filhos e morreu do mesmo jeito que nasceu, sendo Zezinho.

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