domingo, 29 de janeiro de 2012

Estação.

Era uma tarde como outra qualquer dessas em que as pessoas se cumprimentam, se esbarram e assistem filme, que eu mergulhei de volta em meu ser. Embora a chuva caísse lá fora aqui dentro apenas mar e é com uma água salgada e limpa que me recordo do outono. O frio do ambiente não impediu que calor dos corpos transparecessem e dessa forma o gelo que pairava em minha cabeça foi derretendo, meus dedos faziam uma viagem em teu corpo, contornando teus ombros, teus braços, teu peito, enquanto que minha boca solitária e áspera implorava por tua saliva e teus dedos enrolando meus cabelos me faziam parar de pensar e respirar.
Em uma cena bronze onde as horas passavam mais rápido do que deviam, eu fechava meus olhos e escutava o silêncio, momento em que apenas nossos corpos desnudos falavam e se ouviam, como se o suor fosse nossa nota musical e o doce aroma nosso maestro. Eu via o roteiro sendo escrito com as linhas tortas e mudas que um dia eu escondi de mim mesma. O vento, o calor, sua perna contra a minha, minha mão contra o colchão, eram os elementos que eu precisava para voltar a pensar. A vida passava lá fora e dentro do quarto apenas um momento que eu vivi como único, como se fosse a última cena de um curta, o último ato de uma peça de teatro.
Acordei no dia seguinte com o barulho da chuva, uma forte cortina do liquido incolor caia no chão e eu apenas conseguia escutar suas gotas batendo na janela. Esfreguei meus olhos e contemplei por um breve momento aquela paisagem, tanta água me fez lembrar do último outono e então eu volto a dormir pensando se o que aconteceu foi real ou apenas um sonho.

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