domingo, 19 de fevereiro de 2012

Fantasma.



Hoje acordei pensando em você, amor. Acordei lembrando do formato de suas unhas e do cheiro de sua pele, lembrei do grisalho de seus cabelos e dos pelos do seu nariz, a ideia de morte me lembra você. Eu sinto tanta falta de nossas curtas conversas, do tronco de arvore que servia de banco, do seu pé esquerdo quando acordava, sinto falta até mesmo de sua ausência que perpetua em mim. Eu ainda tenho as marcas de arranhado que você me deixou, estão por todos os cantos: Nos olhos riscados de lágrimas, no peito marcado de dor, nos braços fracos sem seu apoio.
Você não me reconheceria mais hoje em dia, não sou mais uma menina, não sou mais a sua menina. A ideia de morte me lembra tanto você, que hoje meu perfume é terra moída, dessas que a gente joga em cima de um corpo e o assiste desaparecer. Mas não se aflija meu amor, que a ferida já foi sarada e você enterrado, enterrei junto as fotos, os videos e todas as más recordações. Soterrei e apaguei as brigas, os sermões e a falta que fez durante tanto tempo.
Você nunca gostou mesmo de despedidas, nunca disse um "até logo", "volto já" ou "já venho", mas lembro-me do seu "nunca vamos nos separar" e cá estou eu relembrando suas promessas que você não cumpriu pra nenhum dos dois, foi embora sem nem um adeus, ou um ultimo beijo. Eu luto pra lembrar de suas expressões, manias, ou a textura de sua pele já meio ressecada, sinto que você está se tornando um fantasma, fantasma que vejo todos os dias no espelho.

Um comentário:

  1. Belíssimo texto. Com certeza quem leu, já teve história parecida!

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