sexta-feira, 13 de abril de 2012

A falta que me faz.




Sua falta me deixa completamente debilitada, amor. Parece que foi ontem que eu vi seu corpo pela última vez me acenando, espere... foi ontem mesmo. Como vou sobreviver sem você? Sem seus cabelos em meus lençóis, sem suas unhas em minha pele, sem seus dentes em meu sorriso. Você se lembra como nos conhecemos? Eu também não, foi rápido demais, instantâneo demais, como o miojo que você sempre faz pra mim. Eu deixei as janelas do quarto abertas, eu sempre soube o quanto você gostava do cheiro que a rua trazia, você dizia que era um misto de desconhecido e prazer. Eu deixo o seu cheiro misterioso entrar no meu quarto novamente, mas fecho o armário que é para o seu perfume não escapar também.
É difícil viver tudo isso sem você, ver o sol se por sem te ter ao meu lado, ver as sombras mudando sem ter seus olhos para acompanhar, deitar na cama e não sentir o formato do seu corpo. Eu não aguento, me confesso com meu único outro melhor amigo sem ser você, meu travesseiro. Deito minha cabeça nele e deixo tudo o que está preso em mim se soltar, são tantas lágrimas perdidas!
Choro agora não só por você, mas pelas outras vezes que eu me sequei por medo de parecer fraca, choro pelo machucado no joelho de quando era criança, choro pela briga que tive com meus pais, pela morte da minha cachorra e por você. Não que você tenha me feito algum mal, longe disso, mas eu choro pelas lembranças contidas, pelas fotos que nunca vão parar de falar expostas na comoda, pelas discussões patéticas que eu sempre começava, choro simplesmente por chorar.
Eu seco minhas magoas e tento aproveitar um pouco mais de você antes que o tempo realmente te leve embora, aproveito a bandeira do seu time pregada na parede, o quadro que comprou de um idoso só porque ele precisa de dinheiro, o furo que você deixou quando martelou errado uma única vez. Eu contemplo tudo, não sei mais por quantos dias ou anos você vai me acompanhar. E eu queria te esperar, como eu fazia todos os dias, mas a vida segue e se eu não for rápida o bastante perco o meu trem... Ontem eu te tinha em meus braços, hoje te tenho em tumulo.

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